A sociedade
feudal
• Uma sociedade dividida
Um bispo do século XI, chamado Adalberón de Laon, resumiu em um poema a estrutura da sociedade feudal: havia os que oravam (clero), os que lutavam (nobreza) e
os que trabalhavam (campesinato).
Segundo
o bispo, essa estrutura era reflexo da estrutura celeste, representada pelo
Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Alterar
essa ordem seria o mesmo que ir contra a vontade de Deus. Por essa razão, os que nasciam numa família de servos ou de nobres deveriam permanecer nessa condição para sempre,
o mesmo acontecendo com as gerações
seguintes.
« Os que lutam
Em geral, os nobres eram os únicos que podiam receber
feudos. A nobreza dividia-se em vários graus
de importância, determinada pelo título do nobre
(conde, duque, marquês e cavaleiro) . Esses
títulos passavam de pai para filho. O rei era o mais importante dos
nobres.
As
ocupações diárias dos nobres incluíam a
administração da justiça e a vigilância dos
servos a eles subordinados. Entre os nobres a
guerra era vista como fonte de riqueza e
ocupação. Em tempos de paz, eram promovidos torneios que simulavam combates.
Com o passar do tempo, a Igreja criou regras para esses torneios, a fim de evitar a perda de vidas e a destruição das plantações.A alimentação dos nobres, embora
mais nutritiva que a dos camponeses, era pouco variada.
Compunha-se principalmente de carne, peixe,
queijo, cebola, nabo, cenoura, feijão, ervilha, maçãs
e pêras. O açúcar só se tornou conhecido a
partir do século
XII e, mesmo assim, era tão caro que sóentrava nas cozinhas dos nobres mais poderosos.[
• Os que oram
O clero
dividia-se em dois grupos principais: o alto e o baixo clero.
O alto clero era formado,
em sua maioria, por pessoas nascidas nas
famílias nobres. Seus membros tinham muito poder e terras, e assumiam as seguintes tarefas. Cuidar da administração dos feudos, pois
eram, em geral,os únicos alfabetizados.
Por serem considerados
intermediários entre os homens eDeus, eram responsáveis por conduzir as almas
no caminho da salvação.
Ao baixo
clero cabia o trabalho braçal nas paróquias e o atendimento aos pobres e necessitados das vilas e regiões próximas da paróquia
ou do monastério.
" Os que
trabalham
O servo ou servo da gleba era a
principal força de trabalho do sistema feudal. Ele
estava preso à terra para o resto da vida. Em troca de proteção e do usufruto da terra, o servo devia cultivar os terrenos recebidos e as terras pessoais do senhor. Além disso, pagava impostos e fazia várias outras tarefas, como consertar
pontes, estradas etc.
A relação entre
os servos apoiava-se na solidariedade. Era comum várias famílias reunirem-se para construir a casa de um servo re-cém-casado, por exemplo, ou compartilharem os animais para a lavoura, já que poucos tinham cavalos e bois.
Outra categoria era a dos vilões, camponeses livres que viviam nas vilas. Eles se originaram dos trabalhadores livres do Império Romano que conseguiram adquirir pequenos lotes de terras. Com o passar do tempo, muitos desses vilões foram obrigados a ceder suas propriedades para os senhores em troca de proteção.
A escravidão era
pequena e restrita. Os escravos trabalhavam principalmente nos afazeres
domésticos dos castelos senhoriais.
A economia feudal e sua transformação: Uma economia agrária
A agricultura era a fonte de sustento
da maior parte da população. As
aldeias tendiam a ser auto-suficientes, ou seja, a produzir quase tudo que era necessário ao consumo dos moradores.
A base da alimentação eram os cereais, especialmente o
trigo e aveia (com o que faziam os
pães), as verduras e as leguminosas cultivadas
nas hortas. Alguns trabalhadores criavam galinhas, bois, carneiros e outros animais, que proporcionavam
leite, ovos, queijo e lã.No entanto, embora a agricultura de subsistência
tenha sido a base da economia feudal, o comércio
e o artesanato não desapareceram.
• O comércio. Apesar de escasso, o comércio local, praticado nas
proximidades dos castelos, sobreviveu por toda a Idade Média. O uso de dinheiro nessas transações comerciais era
reduzido, pois prevalecia a troca
direta de produtos, o chamado
escambo. Por exemplo, nas trocas que se faziam, um saco de grão-de-bico valeria cinco quilogramas de carne de
boi.
O comércio também foi muito desigual
em toda a Europa. Na região da
Escandinávia, onde estão hoje
Noruega, Suécia e Finlândia, e na Península Itálica já encontrávamos, no século
X, centros de comércio a longa
distância com mercadores europeus
e orientais.
• O artesanato. Nas vilas e nos feudos, também havia a atividade dos
artesãos, que produziam tecidos,
móveis, utensílios domésticos, ferramentas de trabalho (enxadas, foices etc.) e vários outros produtos. A maior parte desses artigos destinava-se ao consumo dos senhores feudais, mas também, em menor escala, ao uso dos camponeses, que os adquiriam por meio do escambo.
No entanto, foi a partir do século XI que o
comércio, o uso do dinheiro e a produção
artesanal em grande escala tornaram-se atividades regulares e numerosas, marcando o revigoramento da vida
urbana.
• As
transformações no feudalismo
A partir do
século X, inovações nas técnicas agrícolas e no emprego da
energia possibilitaram o aumento da produção de alimentos e o crescimento
populacional, transformando o feudalismo
europeu.Entre as inovações do período,
podemos citar:
Arado
de ferro (charrua), que substituiu o de madeira.Como
o arado de ferro é mais resistente e pesado que o de madeira, foi
possível arar mais fundo, revolvendo mais a terra,
tornando-a mais fofa e apropriada ao plantio. Com isso, solos mais
difíceis passaram a ser trabalhados, aumentando a quantidade
de terra disponível para o cultivo.
A
rotação trienal das culturas aumentoumuito a produtividade da
terra e a qualidade das plantas cultivadas. O trigo, por exemplo, que
rendia em média dois grãos por espiga, passou para cinco — um
aumento de 150% na
quantidade de trigo disponível para consumo (atualmentetemos em média 40 grãos por espiga).
quantidade de trigo disponível para consumo (atualmentetemos em média 40 grãos por espiga).
Uso
do cavalo para puxar o arado. Um novo sistema de tração
possibilitou usar o cavalo maltratando-o menos. Sendo o cavalo mais
ágil que o boi, foi possível cultivar áreas maiores, aumentando muito a produtividade
do campo.
Aprimoramento
e difusão dos moinhos acionados por rodas d'água ou por cata-ventos. Com
os novos moinhos, podia-se moer o trigo com muito mais eficiência e
rapidez.
O crescimento populacional
As
melhorias técnicas praticadas a partir do século X, a redução
das guerras feudais e o fim das invasões externas possibilitaram
uma produção maior de alimentos, originando assim um excedente
agrícola.
Esse
excedente teve dois efeitos muito importantes:
Possibilitou
o crescimento populacional. As inovações técnicas
permitiram o aumento da produção agrícola e a consequente melhoria na
alimentação. Com isso reduziu-se o número de mortes por fome e doenças, e abriu-se a possibilidade de as famílias sustentarem um número
maior de filhos. Esses fatores
levaram a uma explosão demográfica na
Europa. No século XIII, a população
europeia saltou de 23 milhões para 55 milhões de habitantes.
Possibilitou
o revigoramento do comércio e das cidades.Por toda a
Europa surgiram feiras comerciais, muitas das quais se
transformaram em cidades, que revitalizaram o comércio e o
uso do dinheiro.
• A expansão comercial e urbana
O
crescimento populacional trouxe consigo a necessidade de se obter mais espaço tanto
para plantar como para acomodar as
pessoas. Desse modo, houve uma intensa corrida por mais terras, levando ao desmatamento de florestas, ocupação
de terrenos alagadiços e abandonados e aterro de porções da
costa. Essa expansão permitiu que milhares
de servos fossem libertos ou
fugissem dos feudos, dirigindo-se às novas terras ou às cidades, fazendo-as crescer rapidamente. O comércio, por sua vez, cresceu em duas
direções: o local e o de longa
distância. Como os camponeses tinham um excedentede alimentos, passaram a trocá-los,
nas vilas e cidades, por produtos
que não possuíam (roupas, utensílios,
sapatos, móveis etc.). O comércio
local, portanto, valorizou o
trabalho artesanal, que se tornou,
junto com a atividade mercantil, o
centro dinâmico do desenvolvimento
das cidades.
O comércio
de longa distância, realizado principalmente pelas cidades italianas, como
mostra o mapa ao lado, era um comércio de artigos de luxo, baseado nas especiarias trazidas do Oriente. Esse comércio visava abastecer os senhores feudais enriquecidos com o crescimento agrícola e comercial e a própria burguesia.
Fonte: ?
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