Durante
toda a República Velha - de 1889 a 1930 - as mesmas oligarquias mantiveram o
domínio político no país Isso só foi possível porque a oposição foi mantida
longe de poder. Para tanto, o governo contava com a ajuda dos coronéis, os
grandes proprietários de terra que controlavam a vida dos municípios.
Figura
respeitada e temida no interior do país, o coronel tinha à sua volta numerosos
dependentes: empregados, trabalhadores da vizinhança e moradores da cidade
(pequenos comerciantes, delegado, padre etc.). Era ele quem conseguia emprego,
nomeações, proteção contra a ação da justiça e contra inimigos. Em troca, o
coronel exigia da "sua gente" fidelidade total, especialmente nas
eleições, quando todos deveriam votar nos candidatos indicados por ele.
O eleitor
era pressionado de diversas formas, desde o suborno com favores e presentes
até a ameaça física. Como o voto era aberto, sabia-se no ato da votação qual
era a escolha do eleitor . Tornava-se quase impossível contrariar a vontade do
coronel. O chamado voto de cabresto (voto forçado) e o clientelismo (as
relações de dependência e troca de favores entre o coronel e os eleitores)
garantiam a vitória eleitoral das oligarquias e a sua manutenção no poder.
Quanto
maior o número de votos obtidos para a oligarquia, maior era o prestígio do
coronel junto ao governo estadual, que em troca concedia-lhe favores e liberava
verbas para o município . O controle de um grande "curral eleitoral"
era a base do poder político dos coronéis e, para muitos, a única força que
possuíam, já que nem todo coronel era rico. Se o eleitorado fosse pequeno,
usavam-se artifícios para aumentá-lo: obrigavam-se os eleitores a votar em
duas ou mais seções, contavam-se os votos de pessoas falecidas, davam-se
títulos a menores de 21 anos e a analfabetos etc. .
No
caso de um candidato "indesejável" ser eleito, havia ainda outro
recurso para eliminá-lo: a Comissão de Verificação dos Poderes ["^j. Ela
tinha a função de apurar a veracidade do resultado das eleições e podia
impedir a posse de um candidato eleito, em caso de fraude ou irregularidade.
Durante a República Velha, a comissão foi usada para a "degola" (impedimento)
dos candidatos eleitos da oposição. Só eram reconhecidos e empossados os
candidatos oficiais.
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