Márcio Ramos
A
África é freqüentemente associada à pobreza, guerras civis, miséria, subdesenvolvimento.
Quando muito é lembrado que ela é a região de belezas naturais, como o deserto
do Saara, das zebras e elefantes etc. Na realidade, a África é uma região com muita história para
contar, apesar de muita gente insistir que ela não possui história, já que foi
lá que o homem surgiu. E foi de lá que saiu uma enorme contribuição para o
desenvolvimento cultural e econômico de todo o mundo.
Para
entendermos a história africana, é preciso perceber que o continente foi
formado por diversos povos, que se organizavam desde a formação de clãs,
passando por reinos e verdadeiros impérios.
Foi
na África que se desenvolveu um dos povos mais famosos da Antiguidade, os
egípcios. Mas além do Egito, vários povos existiram na região. Ao sul do Egito, numa região chamada Núbia,
desenvolveu-se a civilização kush. Seu
período de maior glória foi por volta de 1700 a.C. A capital era a cidade de Kerma. Kush era
governado por um monarca absolutista, que se colocava acima das leis.
O
povo núbio tinha a pele bem escura e recebeu influencia da cultura egípcia. Mas
os túmulos dos seus reis(que chegavam a 90 metros de altura) tinham câmaras
maiores do que qualquer pirâmides.
Um
dos pontos mais importantes da organização dos povos africanos era a questão da
família. Devidos às constantes epidemias e crises econômicas nos diversos povos
africanos, ter filho era fundamental, o que leva os iorubas a afirmarem, que
“sem filho estás nu”. A quantidade de filhos era importante para o status
social dos pais, além de serem essenciais em uma economia predominantemente
agrícola.
A
África possuiu várias civilizações em toda a sua história. E muitos desses povos
que se desenvolveram ao norte do continente tiveram contato com os europeus e
árabes. Os árabes no século XI, espalhando a fé islâmica, conseguem conquistar
essa região. Dessa forma, muitos povos do norte da África se tornaram
islâmicos nesse período.
Os
povos africanos possuíam formas de organizações diferentes entre si. Bem antes
da chegada dos europeus, várias sociedades formaram reinos e impérios .Havia o
reino de Gana, do Mali, Zimbabwe, reino
Sudaneses, Congo, entre outros. Algumas regiões possuíam cidades importantes.
Na Costa do Gabão, se desenvolveu um grande aglomerado de aldeias, Mbansa Kongo
, e Benim foi descrita por um viajante como uma cidade enorme, possuindo 15.000
habitantes. Outra cidade, Kano, era cercada por sete quilômetros de muralhas.
Segundo
os árabes, o reino de Gana era tão rico, que no palácio o rei, os cachorros
tinham coleiras de ouro. Na capital havia casas de pedras de dois andares, onde
moravam os nobres e altos funcionários do Estado. Os mais pobres vivam em
cabanas de terra cobertas de palhas.
Os
povos iorubás se desenvolveram onde hoje é a Costa do Marfim. Possuíam
capitais, que eram o seu centro administrativo e político, com palácios e
templos. As cidades mais famosas eram Oio e Ifé. Eles formavam uma verdadeira
federação de cidades, e muitas delas eram maiores que as cidades europeias no
mesmo período. Elas eram cercadas de muralhas de pedras e habitadas por nobres
artesãos, comerciantes e camponeses. Os camponeses saiam de manha para
trabalhar na lavoura. Todos tinham que pagar impostos para o governo,
controlado pelos nobres, que também eram comandantes militares. Os iorubás
importavam cavalos do Sudão central e os utilizavam no exercito.
Quando
se iniciava na Europa o processo de expansão marítima, outro povo se
desenvolvia na costa oeste do continente, o Congo. Ele era um reino forte e
estruturado, tendo diversas províncias, e sua capital, Mbanza, possuía mais de
100.000 habitantes. A sociedade congolesa se dividia em nobreza, camponeses e
escravos, a poligamia era pratica comum, e o que definia a descendência era a
mãe. Com a chegada dos europeus, o rei de Portugal travou uma relação comercial
durante muitos anos com o rei do Congo, que até batiza no catolicismo e muda de
nome para agradar, ou manter o comercio entre eles. Seu nome Nzinga-a-Nkuvu
muda para D. João I.
No
século XV os europeus começam o processo de exploração do continente.
Inicialmente os negociantes europeus adquiriam marfim, pimenta e ouro. Depois,
quando se iniciou a colonização da América no século XVI, passaram a ter um
grande e terrível interesse: obter escravos.
Havia
duas maneiras de os comerciantes europeus obterem escravos africanos. O
primeiro era direto: desembarcavam soldados que invadiam uma aldeia e
capturavam seus moradores. O segundo modo era indireto. Os povos africanos
faziam guerras entre si e vendiam os prisioneiros para os comerciantes
europeus. Algumas nações africanas chegaram a
enriquecer atacando outras nações e vendendo os habitantes aos
traficantes de escravos.
Entre
os povos africanos havia escravos. Eles eram obtidos através de guerras,
condenados pela justiça e endividados. A
existência de escravos facilitou o sucesso do trafico. Mas foram as ações dos
europeus na busca de novos cativos que provocaram o aumento dos conflitos entre
os povos. Havia escravidão mas não escravismo, como bem distinguiu a
historiadora Marina de Mello de Souza. Escravidão é o uso de pessoas
destituídas de seus direitos sociais, afastada de seu grupo de origem, obrigada
a cumprir ordens de seu senhor, podendo ser castigada e, principalmente vendida
como escrava. Já o escravismo se refere
a sociedades fundadas principalmente na utilização do trabalho escravo, o que
não era o caso dos africanos e sim dos europeus colonizadores da América.
No
período colonial foram trazidos para o Brasil cerca de 5 milhões de africanos
para serem escravizados. Foram considerados “coisa”, instrumento de trabalho para os “senhores”.
Durante todo esse período houve resistência da comunidade negra. E a
resistência continua até hoje, pois os resultados da escravidão são sentidos
pelos negros e seus descendentes, através do racismo e da desigualdade social.
A
África foi pouco a pouco sendo ocupada pelos europeus, mesmo com toda a
resistência de seus habitantes. A partir do final do século XVIII, após a
Revolução Industrial, a cobiça européia se volta para o continente, que acabou
sendo dividido pelos impérios da Europa.
No
início do século XIX, os povos africanos estavam organizados em grandes
impérios, como os zulus ao sul. Mas as transformações internas, onde muitas
sociedades começaram a reagir com mais intensidade contra a presença européia,
leva a um domínio quase que completo no continente. Só para se ter uma ideia,
em 1800, apenas 1/10 da África estava sob controle europeu. Já em 1900 essa
porcentagem beirava a 9/10. Essa
conquista era justificada pelas idéias Positivistas e de Progresso que
vigoravam na Europa, que afirmavam que era dever dos mais fortes “proteger” os
mais fracos. O homem branco possuía um “fardo” enorme, que era levar a
“civilização” aos Bárbaros africanos. Esse discurso foi usado para dominar,
explorar as riquezas da África e desestruturar toda a sociedade africana.
Bibliografia:
DAVIDSON, Basil. O fardo do homem negro. Os efeitos do estado-nação em África. Lisboa: Campos das Letras, 1992.
OLIVIER, Roland. A Experiência Africana: Da Pré História aos Dias Atuais. RJ, Jorge Zahar Ed, 1994.
Ancestrais: uma introdução à História da. África Atlântica, Mary Del Priore e Renato. Pinto Venâncio. José Alexandre da Silva
Veja mais:
Documentário História da África
Bibliografia:
DAVIDSON, Basil. O fardo do homem negro. Os efeitos do estado-nação em África. Lisboa: Campos das Letras, 1992.
OLIVIER, Roland. A Experiência Africana: Da Pré História aos Dias Atuais. RJ, Jorge Zahar Ed, 1994.
Ancestrais: uma introdução à História da. África Atlântica, Mary Del Priore e Renato. Pinto Venâncio. José Alexandre da Silva
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gostei deste artigo, o homem e a sua ganancia destruindo a vida do outro .
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