O
dia 20 de novembro é denominado o Dia Nacional da Consciência Negra. É uma referência
à morte de Zumbi,
o então líder do Quilombo dos Palmares, em 1695. Zumbi é visto como um dos símbolos
de resistência negra à escravidão. Essa
data é marcada por várias críticas e oposições, já que muitos a consideram
desnecessária, pois vivemos em um país plurirracial, e ao se estabelecer um dia
para celebrar uma raça, estaríamos fomentando o preconceito racial. Minhas
reflexões a seguir tentarão compreender a importância de uma data como essa
para os brasileiros.
A
primeira questão a se colocar é que se há uma data especifica para se pensar
nacionalmente a questão racial negra é porque ela não está resolvida. Ainda
hoje, os dados estatísticos apontam que a população negra brasileira tem mais
dificuldade de inserção no mercado de trabalho, menor grau de escolarização e
pouco acesso aos bens culturais. Esse fato é inegável. O argumento de que esse
problema é simplesmente social, pois fruto da má distribuição de renda
histórica em nosso país não me parece correto, pois pode ser entendido como um
reforço à discriminação racial, já que os negros e pobres sofrem duplo
preconceito, ou seja, além do preconceito de classe, o negro pobre ainda
enfrenta o preconceito racial.
Os
mais de 300 anos de escravidão em nossa sociedade estabeleceram e congelaram os
papeis sociais entre brancos e negros, estigmatizando determinadas funções como
sendo de pretos e outras de brancos. Naturalizou-se assim a ideia de que existe
um lugar para os negros, e se eles ficarem quietinhos ali não sofrerão
discriminação. Quando o negro ousa abrir a boca, “O branco cala ou deixa a
sala com veludo nos tamancos”, afirma a música “Respeitem meus cabelos,
branco”, de Chico Cesar. Não se estabelece o diálogo, pois a questão é
rebaixada como algo de menor importância, chamada de “mimimi”.
O
Dia Nacional da Consciência Negra é importante para refletirmos sobre como a
sociedade tem lidado com o racismo, já que o mito da democracia racial nos
impede até de discutirmos o assunto. Penso que, em uma sociedade igualitária de
fato não seria preciso o estabelecimento de dia do negro, do índio, da mulher, do
combate à homofobia etc. Mas enquanto tais questões não forem resolvidas, o
debate tem que ocorrer e todos nós temos um dever moral de nos posicionarmos
quanto a esse problema.
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