O Feudalismo pode
ser visto enquanto um sistema de produção a partir do século IX. A economia
feudal possuía base agrária, ou seja, a agricultura era a atividade responsável
por gerar a riqueza social naquele momento. Ao mesmo tempo, outras atividades
se desenvolviam, em menor escala, no sentido de complementar a primeira e
suprir necessidades básicas e imediatas de parcela da sociedade. A pecuária, a
mineração, a produção artesanal e mesmo o comércio eram atividades que
existiam, de forma secundária.
Como a agricultura
era a atividade mais importante, a terra era o meio de produção fundamental.
Ter terra significava a possibilidade de possuir riquezas ( como na maioria das
sociedades antigas e medievais), por isso preservou-se a caráter estamental da
sociedade. Os proprietários rurais eram denominados Senhores Feudais, enquanto
que os trabalhadores camponeses eram denominados servos.
O feudo era a
unidade produtiva básica. Imaginar o feudo é algo complexo, pois ele podia
apresentar muitas variações, desde vastas regiões onde encontramos vilas e
cidades em seu interior, como grandes “fazendas” ou mesmo pequenas porções de
terra. Para tentarmos perceber o desenvolvimento socioeconômico do período, o
melhor é imaginarmos o feudo como uma grande propriedade rural. O território do
feudo era dividido normalmente em três partes: O Domínio, terra comum e manso
servil
O Domínio é a parte
da terra reservada exclusivamente ao senhor feudal e trabalhada pelo servo. A
produção deste território destina-se apenas ao senhor feudal. Normalmente o
servo trabalha para o senhor feudal, nessa porção de terra ou mesmo no castelo,
por um período de 3 dias, sendo essa obrigação denominada corvéia.
Terra comum e a
parte da terra de uso comum. Matas e pastos que podem ser utilizadas tanto pelo
senhor feudal como pelos servos. É o local de onde retiram-se lenha ou madeira
para as construções, e onde pastam os animais.
Manso servil era a
parte destinada aos servos. O manso é dividido em lotes (glebas) e cada servo
tem direito a um lote. De toda a produção do servo em seu lote, metade da
produção destina-se ao senhor feudal, caracterizando uma obrigação denominada
talha.
Esse sistema se
caracteriza pela exploração do trabalho servil, responsável por toda a
produção. O servo não é considerado um escravo, porém não é um trabalhador
livre. O que determina a condição servil é seu vínculo com a terra, ou seja, o
servo esta preso a terra. Ao receber um lote de terra para viver e trabalhar, e
ao receber (teoricamente) proteção, o servo esta forçado a trabalhar sempre
para o mesmo senhor feudal, não podendo abandonar a terra. Essa relação,
definiu-se lentamente desde a crise do Império Romano com a formação do
colonato.Além da corvéia e da talha, obrigações mais importantes devidas pelo servo
ao senhor, existiam outras obrigações que eram responsáveis por retirar dos
servo praticamente tudo o que produzia.
Tradicionalmente a
economia foi considerada natural, de subsistência e desmonetarizada. Natural
por que baseava-se em trocas diretas, produtos por produto e diretamente entre
os produtores, não havendo portanto um grupo de intermediários (comerciantes);
de subsistência por que produzia em quantidade e variedade pequena, além de não
contar com a mentalidade de lucro, que exigiria a produção de excedentes;
desmonetarizada por não se utilizar de qualquer tipo de moeda, sendo que havia
a troca de produto por produto.
Apesar de podermos
enxergar essa situação básica, cabem algumas considerações: o comércio sempre
existiu, apesar de irregular e de intensidade muito variável. Algumas
mercadorias eram necessárias em todos os feudos mas encontradas apenas em
algumas regiões, como o sal ou mesmo o ferro. Além desse comércio de produtos
considerados fundamentais, havia o comércio com o oriente, de especiarias ou
mesmo de tecidos, consumidos por uma parcela da nobreza (senhores feudais) e
pelo alto clero. Apesar de bastante restrito, esse comércio já era realizado
pelos venezianos.
Mesmo o servo
participava de um pequeno comércio, ao levar produtos excedentes agrícolas para
a feira da cidade, onde obtinha artesanato urbano, promovendo uma tímida
integração entre campo e cidade. “ A pequena produtividade fazia com que
qualquer acidente natural (chuvas em excesso ou em falta, pragas) ou humano (
guerras, trabalho inadequado ou insuficiente) provocasse períodos de escassez”
.Nesse sentido havia uma tendência a auto suficiência, uma preocupação por
parte dos senhores feudais em possuir uma estrutura que pudesse prove-lo nessas
situações
A sociedade
A sociedade feudal
era composta por duas classes sociais básicas: senhores e servos. A estrutura
social praticamente não permitia mobilidade, sendo portanto que a condição de
um indivíduo era determinada pelo nascimento, ou seja, quem nasce servo será
sempre servo. Utilizando os conceitos predominantes hoje, podemos dizer que, o
trabalho, o esforço, a competência e etc, eram características que não podiam
alterar a condição social de um homem.
O senhor era o
proprietário dos meios de produção, enquanto os servos representavam a grande
massa de camponeses que produziam a riqueza social. Porém podiam existir outras
situações: a mais importante era o clérigo. Afinal o clero é uma classe social
ou não?
O clero possuía
grande importância no mundo feudal, cumprindo um papel específico em termos de
religião, de formação social, moral e ideológica. No entanto esse papel do
clero é definido pela hierarquia da Igreja, quer dizer, pelo Alto Clero, que
por sua vez é formado por membros da nobreza feudal. Originariamente o clero
não é uma classe social, pois seus membros ou são de origem senhorial (alto
clero) ou servil (baixo clero).
A maioria dos
livros de história retrata a divisão desta sociedade segundo as palavras do
Bispo Adalberon de Laon: “na sociedade alguns rezam, outros guerreiam e outros
trabalham, onde todos formam um conjunto inseparável e o trabalho de uns
permite o trabalho dos outros dois e cada qual por sua vez presta seu apoio aos
outros” Para o bispo, o conjunto de servos é “uma raça de infelizes que nada
podem obter sem sofrimento”. Percebe-se o discurso da Igreja como uma tentativa
de interpretar a situação social e ao mesmo tempo justifica-la, preservando-a.
Nesta sociedade, cada camada tem sua função e portanto deve obedece-la como
vontade divina.
A relação de
suserania e vassalagem é bastante complexa. Sua origem remonta ao Reino Franco,
principalmente durante o reinado de Carlos Magno e baseia-se na concessão do
feudo (beneficium).
Surgem os dois
primeiros problemas: Quem esta envolvido nesta relação? e, o que é feudo?
Esta relação é
eventual, pode existir ou não, dependendo da vontade ou da necessidade das
partes, que são sempre dois senhores feudais; ou seja, é uma relação social que
envolve membros da mesma camada social, a elite medieval. O termo feudo
originariamente significava “benefício”, algo concedido a outro, e que
normalmente era terra, daí sua utilização como sinônimo da “propriedade
senhorial”. Suserano é o senhor que concede o benefício, enquanto que vassalo é
o senhor que recebe o benefício. Esta relação, na verdade bastante complexa,
tornou-se fundamental durante a Idade Média e serviu para preservar os
privilégios da elite e materializava-se a partir de três atos: a homenagem , a
investidura e o juramento de fidelidade. Normalmente o suserano era um grande
proprietário rural e que pretende aumentar seu exército e capacidade guerreira,
enquanto o vassalo, é um homem que necessita de terras e camponeses.
O poder
No mundo feudal não
existiu uma estrutura de poder centralizada. Não existe a noção de Estado ou
mesmo de nação. Portanto consideramos o poder como localizado, ou seja,
existente em cada feudo. Apesar da autonomia na administração da justiça em
cada feudo, existiam dois elementos limitadores do poder senhorial. O primeiro
é a própria ordem vassálica, onde o vassalo deve fidelidade a seu suserano; o
segundo é a influência da Igreja Católica, única instituição centralizada, que
ditava as normas de comportamento social na época, fazendo com que as leis
obedecessem aos costumes e à “ vontade de Deus”. Dessa forma a vida quase não
possuía variação de um feudo para outro.É importante visualizar a figura do rei
durante o feudalismo sem poder efetivo devido a própria relação de suserania e
a tendência á auto-suficiência econômica.
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