Dá-se o nome de Iluminismo à
revolução intelectual ocorrida na Europa, e particularmente na França, durante
o século XVIII. O Iluminismo
(ou Ilustração) foi um movimento intelectual marcado por forte
racionalismo e postura crítica. Os intelectuais que defendiam a razão como
principal meio para trazer "luz" e conhecimento aos homens foram
denominados iluministas e o século XVIII, o "Século das Luzes".
Afirmou-se o direito à liberdade e à igualdade entre os homens e foi posta em
dúvida a explicação divina para a História.
A
ciência adquiriu uma importância fundamental para o progresso humano, mediante
as contínuas inovações tecnológicas. Os valores morais do Iluminismo foram a
tolerância, o humanismo e o respeito à natureza. Sem abandonar o absolutismo,
alguns monarcas adotaram princípios iluministas para reformar e modernizar seus
países, ficando conhecidos como déspotas esclarecidos. As artes e o
pensamento foram estimulados pela aristocracia e pela Coroa. Nesse "Século
das Luzes", destacaram-se os enciclopedistas, com sua ideologia
racionalista, e Adam Smith, que assentou as bases do liberalismo econômico.
Esse fato foi de fundamental
importância, uma vez que proporcionou ao homem a possibilidade de modificar
totalmente sua forma de pensar, de agir e, portanto, de encarar o mundo. Agora,
o homem não mais atribuía tudo o que acontecia ao seu redor à vontade divina
e/ou de algum ente superior. Ao contrário, sua grande preocupação era descobrir
o funcionamento de todas as coisas e apenas a razão era capaz de levá-lo a
tanto. Era o racionalismo, que rejeitava as formas de pensar acomodadas
medievais, todas as formas de autoridade e todas as formas de crença
teocêntrica. O homem era o centro do universo.Todo esse novo posicionamento do
homem frente ao mundo levou a um espetacular avanço científico.
Deve-se
entender o Iluminismo como uma reação burguesa ao absolutismo. As idéias
iluministas procuravam solucionar os problemas concretos enfrentados pela
classe recém-chegada ao poder e, ainda, fazer com que o mecanismo social
funcionasse a seu favor. Para tanto, propunha-se a reorganização da sociedade e
a adoção de uma política centrada no homem, que lhe garantisse sua total
liberdade. Encontrar a justificativa para esses pressupostos e impô-los a uma
sociedade ainda influenciada pelos valores medievais era o grande objetivo do
pensamento iluminista que, portanto, é um pensamento burguês; ainda que
alguns filósofos, como Rousseau, tenham adotado linhas de pensamento diversas
em seus estudos.
Pensadores Iluministas
O
escritor e filósofo francês François Marie Arouet(1694-1778) pseudônimo
Voltaire, foi mais um defensor das liberdades civis do que um reformador
político. Viveu isolado por três anos na Inglaterra, onde foi influenciado
pelas idéias de John Locke e de Newton. Voltaire criticava as prisões
arbitrárias, a tortura, a pena de morte e defendia a liberdade de expressão de
pensamento. era inimigo da igreja católica que chamava de "a infame"
e defensor da religião natural, igual para todos os homens, sem doutrinas e os
dogmas da religião cristã . Deísta, acreditava em Deus apenas como
criador do universo, do qual é a causa e o princípio.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778) era natural de
Genebra, na Suíça, filho de artesãos e lutou muito contra a miséria. um
dos mais importantes escritores do iluminismo francês, suas teorias provocaram
grande impacto na educação, na literatura e na política. suas principais obras
foram:
- "Discurso Sobre As
Ciências E As Artes" e discurso sobre a "origem da desigualdade entre
os homens"1755, nos quais afirmava que o homem nasce naturalmente bom, a
sociedade é que o corrompe e defende a tese de que os homens, quando viviam no
estado de natureza, eram felizes, livres e iguais em direitos porque a
propriedade não existia. a desigualdade surgiu quando o primeiro homem cercou
um terreno e disse "isto é meu" e os outros aceitaram; a partir desse
momento, "surgiram os crimes, as guerras e as injustiças".
– "O Contrato
Social" (1762), obra de teoria política onde Rousseau expressa suas
opiniões sobre o governo e os direitos dos cidadãos. segundo do ele, ao
deixarem o estado de natureza, os homens estabeleceram entre si um contrato ou
pacto, através do qual todos seriam iguais perante às leis. o estado
(isto é, a comunidade politicamente organizada) e o governo (isto é, o agente
executivo do estado que deve realizar a vontade geral), nascidos do
contrato entre os homens, estavam submetidos as leis que deveriam ser aprovadas
pelo voto direto da maioria dos cidadãos. o soberano, constituído pelo
contrato social, é o povo unido ditando a vontade geral, cuja expressão é a
lei, afirmava Rousseau: "toda lei que o povo em pessoa não tenha
ratificado é nula; não é uma, lei."
Montesquieu (1689/1755) , foi um dos mais influentes
iluministas franceses do século XVIII. Em 1748, escreveu sua principal obra: o
espírito das leis, na qual procurava explicar as leis que regem os costumes e
as relações entre os homens a partir da análise dos fatos sociais,
excluindo qualquer perspectiva religiosa ou moral. Segundo Montesquieu,
as leis revelam a racionalidade de um governo, devendo estar submetido a elas,
inclusive a liberdade, que afirmava ser "o direito de fazer tudo quanto as
leis permitem". para se evitar o despotismo, o arbítrio, e manter a
liberdade política, é necessário separar as funções principais do
governo: legislar, executar e julgar. Montesquieu mostrava que, na Inglaterra,
a divisão dos poderes impedia que o rei se tornasse um déspota. "tudo
estaria perdido se o mesmo homem ou a mesma corporação dos príncipes, dos
nobres ou do povo exercesse três poderes: o de fazer as leis, e de executar as
resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as desavenças
particulares."
IV- Enciclopedistas
Dentre
os filósofos franceses do iluminismo, sobressaíram-se Denis Diderot (1713/1784)
e Jean D’alembert (1717/1783), organizadores da "Enciclopédia Ou
Dictionnaire Raisonné Des Sciences, Des Arts Et Des Métiers" (enciclopédia
ou dicionário racional das ciências, das artes e das profissões), obra em 28
volumes que pretendia ser uma síntese completa aos conhecimentos filosóficos e
científicos da época. Entre seus colaboradores, contavam-se destacados
filósofos, matemáticos, físicos e economistas, que concordavam com o
racionalismo e o liberalismo. os dois primeiros volumes foram publicados
em l751, exprimindo concepções políticas revolucionárias um sentimento
anti-religioso.
V- Liberalismo Econômico : Os Fisiocratas e o Laissez Faire
A crítica dos iluministas ao
absolutismo atingiu também a política econômica desse regime: as práticas
mercantilistas e a intervenção do estado na economia eram combatidos, na
França, pelos adeptos da escola econômica fisiocrática. Os fisiocratas
(de fisio, natureza; crato, governo, portanto governo da natureza) afirmavam
que a verdadeira fonte de riqueza de uma nação era a terra, sendo a
agricultura a principal atividade econômica. a indústria e o comércio apenas
transferiam riquezas já existentes de uma pessoa para outra. Assim como o
universo e o corpo humano eram regidos por leis naturais, a economia também
o era, tornando-se pois desnecessária qualquer regulamentação feita pelo
estado. o lema dos fisiocratas era: laissez faire, laissez passer, le
monde va de lui-même. seus principais representantes foram François Quesnay,
fundador da escola fisiocrata e Turgot, ministro das finanças de Luís XVI entre
1774 e 1776. Como ministro, turgot procurou diminuir a ação do estado na
economia, aperfeiçoando o sistema de arrecadação , abolindo algumas corvéias e
facilitando o comércio de cereais. nessa época, existiam barreiras
alfandegárias entre as diversas regiões do país, que dificultavam a
comercialização e a circulação de mercadorias. o ministro decretou:
que livre a todas as pessoas ... exercer a espécie de comércio e as profissões
artesanais que queiram...
O
escocês Adam Smith é considerado o pai do liberalismo econômico. A riqueza,
segundo ele, é alcançada a partir do trabalho, e não da posse da terra. O preço
de mercado dos produtos é fixado por meio da lei natural de oferta e procura.
Para Smith, só é possível conseguir a justiça social e a harmonia nas
sociedades com a livre competição e o livre comércio. A obra mais importante
desse economista é a Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza
das Nações. As idéias de Adam Smith formam a base da atual economia dos
países ocidentais.
Para Smith, ao contrário dos
mercantilistas, não havia necessidade de o Estado intervir na economia,
pois ela era guiada por uma "Mão Invisível", isto é, pelas leis
naturais do mercado. Essas leis eram a livre concorrência e a competição entre
os produtores as quais determinavam o preço das mercadorias e eliminavam os
fracos e os ineficientes. Assim, o próprio mercado regulamentava a economia,
trazendo a harmonia social, sem a necessidade da intervenção da autoridade
pública.
Smith
ensinava que a produção nacional podia crescer através da divisão do
trabalho, criando especializações capazes de aumentar a produtividade e
fazer baixar o preço das mercadorias. Em seu livro, A. Smith defendeu as leis
de mercado, o fim das restrições às importações e dos gastos governamentais
improdutivos. 0 Estado deveria intervir somente para coibir os monopólios que
impediam a livre circulação das mercadorias. As funções do Estado seriam
garantir a lei, a segurança e a propriedade, além de proteger a saúde e
incentivar a educação.
Fonte:
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