No final do século XIX e começo do XX, a sociedade
européia experimentou o aumento da população e da capacidade econômica, bem
como um progresso tecnológico e industrial sem precedentes. É a época do
capitalismo financeiro, caracterizado pela hegemonia das grandes indústrias e
dos bancos. O mercado europeu torna-se pequeno e as potências capitalistas
buscam maneiras de vender seus produtos e de investir seus excedentes de
capitais no mundo todo.
O expansionismo neocolonial subjuga muitos povos da África
e da Ásia. Países ricos e poderosos da Europa, como a Grã-Bretanha, a França, a
Bélgica e a Alemanha estendem seus domínios por todos os continentes, formando
autênticos impérios e repartindo o mundo. Japão e Estados Unidos, mesmo sem
terem formado vastos impérios, também praticam o imperialismo, demonstrando que
novas forças capitalistas começam a emergir.
Os avanços tecnológicos e o crescimento econômico
marcaram a chamada "segunda fase" da Revolução Industrial
(1860-1914). Pela primeira vez, a indústria passou a apoiar a pesquisa
científica, buscando melhorar seu rendimento. Foram descobertos o aço, o
petróleo e a eletricidade, que suplantaram o carvão e o ferro. Invenções como o
telefone, o rádio, o automóvel, o bonde e o metrô garantiram melhorias nos
sistemas de comunicação e transporte, tornando a vida mais cômoda. Os setores
industriais predominantes foram o petroquímico, o siderúrgico e o
automobilístico. O desenvolvimento tecnológico foi acompanhado pela
maquinofaturagem, produção em série, padronização, riscos de superprodução e internacionalização do capitalismo.
Essa nova fonte de energia substituiu o carvão nos
lares, na indústria e nos meios de transporte. Nos Estados Unidos, a primeira
extração petrolífera ocorreu em 1859. Utilizado inicialmente para iluminar as
ruas e as casas, rapidamente tornou-se o combustível mais utilizado, graças à
invenção do automóvel.
Os novos meios de transporte
O
descobrimento do motor a explosão revolucionou os meios de transporte. Os
trens, barcos, automóveis e aviões passaram a funcionar com derivados de
petróleo, como a gasolina, deixando para trás os velhos sistemas de transporte
a vapor. O bonde e o metrô conseguiram se impor nas grandes cidades. A
distância entre os continentes diminuiu graças ao avião, e o comércio e a
indústria se desenvolveram em nível mundial.
A
invenção do avião trouxe inegáveis benefícios, especialmente para a indústria e
para a área militar. A autoria do feito, no entanto, ainda é polêmica. Em 1903,
os irmãos Wilbur e Orville Wright, americanos, afirmaram terrealizado um vôo
(em 17 de dezembro de 1903) sem testemunhas.Distribuíram uma foto do feito e no
ano seguinte, tentaram uma demonstração para a imprensa. Em 9 de setembro,
Wilbur voou, mas a aeronave norte-americana decolava com auxílio de uma
catapulta e de um terreno em declive para ser lançada. Somente em 1910, os dois
irmãos conseguiram desenvolver uma aeronave com propulsão. Quatro anos antes,
em 23 de outubro de 1906, o brasileiro Alberto Santos Dumont levantara vôo
diante de uma comissão do Aeroclube da França em uma aeronave com propulsão
interna. Para os Estados Unidos e alguns outros países, os irmãos Wright são os
precursores da aviação. Para brasileiros e franceses, a invenção do avião é
creditada a Santos Dumont.
As
novas empresas exigiam grandes investimentos financeiros. Para isso recorriam
aos bancos, criando uma aliança entre industriais e banqueiros. Dessa união,
surge o capitalismo financeiro, que substitui o velho capitalismo de livre
concorrência pela concentração empresarial e supremacia dos bancos. Organizações
empresariais são formadas para controlar os diferentes setores da produção e
dominar o mercado internacional.
O
aumento da população e o êxodo dos camponeses para os núcleos urbanos causou, a
partir de meados do século XIX, uma mudança no aspecto das cidades. A
superfície habitável tornou-se pequena para tantos moradores e as antigas
muralhas foram derrubadas. Novos bairros residenciais foram construídos para os
burgueses, enquanto os operários se assentavam nas novas áreas industriais que,
em geral, não seguiam um plano urbanístico adequado. A iluminação elétrica, o
transporte público e os grandes edifícios tornaram-se comuns.
O
sufrágio (ou eleição) é o direito de voto dos cidadãos, uma das principais
maneiras de participação política. O sufrágio universal ou direito de votar
estendido a todos os cidadãos, era uma reivindicação dos partidos e grupos
políticos progressistas e democráticos desde o princípio do século XIX. Criticavam-se
as eleições restritas (voto censitário) que discriminavam as classes menos
favorecidas, já que apenas os segmentos sociais mais ricos votavam. As
primeiras experiências de sufrágio universal ocorreram na Europa em meados do
século XIX, mas não incluíam as mulheres. Em resposta, em vários países elas se
organizaram em grupos de protesto para reivindicar seu direito de voto: eram as
sufragistas. As mulheres só conseguiram o direito ao voto no início do século
XX.
O neocolonialismo
Entre
1875 e 1914, as grandes potências expandiram seus domínios por todos os
continentes, numa desenfreada corrida para repartir o mundo. Esses países,
especialmente Inglaterra e França, formaram autênticos impérios, unindo
exploração econômica e domínio político. As grandes riquezas das colônias, a
necessidade de dispor de territórios para onde pudesse emigrar a crescente
população européia, o desejo de supremacia, a vontade de impor sua cultura aos
povos mais atrasados e a busca por mercados consumidores e fornecedores foram
fatores que incentivaram a nova colonização.
O
impacto do imperialismo foi negativo para os povos colonizados. Mudaram seus
costumes, sua cultura e sua economia, assim como sua língua e sua religião. A
criação de fronteiras artificiais privou-os de sua identidade. Foi-lhes negado
o desenvolvimento autônomo, o que resultou no subdesenvolvimento atual, já que
só podiam se desenvolver de acordo com as necessidades dos dominadores.
A missão civilizadora
Deformando
as teorias de Darwin, o homem branco se considerava superior aos povos locais
da África e da Ásia. Julgava que sua cultura e seu progresso científico
colocavam-no acima dos colonizados e sentia-se no dever moral de
"levar" a esses povos os benefícios de sua civilização, incluindo a
religião. Era essa a justificativa ideológica do imperialismo.
os políticos, os homens de negócio e os governantes
europeus encaravam o imperialismo como um fator necessário à prosperidade
econômica e como uma forma de diminuir os graves problemas sociais de seus
países. 0 discurso de cécil rhodes, imperialista inglês, milionário e 12
ministro da colônia do cabo na áfrica do sul, proferido em 1895, mostra
claramente as raízes socioeconômicas do imperialismo:
"ontem estive no East-End
(bairro operário de Londres) e assisti a uma assembléia de desempregados. ao
ouvir ali discursos exaltados, cuja nota dominante era: pão! pão!, e ao
refletir, de regresso a casa, sobre o que tinha ouvido, convenci-me, mais do
que nunca, da importância do imperialismo... a idéia que acalento representa a
solução do problema social: para salvar os 40 milhões de habitantes do Reino
Unido de uma mortífera guerra civil, nós, os políticos coloniais, devemos
apoderar-nos de novos territórios; para eles enviaremos o excedente de
população e neles encontraremos novos mercados para os produtos das nossas
fábricas e das nossas minas. 0 império, sempre o tenho dito, é uma questão de
estômago. se quereis evitar a guerra civil, deveis tornar-vos
imperialistas." (Catani, Afrânio Mendes. 0 que é imperialismo. São
Paulo, editora brasiliense, 1982, p. 36.)
A partir da expansão marítima européia (séculos XV e XVI),
interesses econômicos nortearam a exploração do continente: metais preciosos,
matérias-primas e escravos. Com a segunda Revolução Industrial, desenvolveu-se
um novo colonialismo, legitimado pela "missão civilizadora" do homem
branco. O continente possuía enormes riquezas, mão-de-obra abundante e barata e
também um grande interesse estratégico. Os europeus ocuparam primeiro o litoral
e depois o interior, até formar verdadeiros impérios. Na Conferência de Berlim
(1884-85), as potências imperialistas fragmentaram a África, ignorando a
diversidade étnico-cultural. Fronteiras retilíneas separaram grupos e
aglutinaram rivais, acentuando os problemas. A África tornou-se um conjunto de
colônias e protetorados, com exceção apenas da Etiópia e da Libéria.
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