A colonização
portuguesa na América inicia-se, de fato, em 1530, quando chega às costas
brasileiras a expedição de Martin Afonso de Sousa. Entre 1500 e 1530, Portugal
limitou-se a reconhecer o litoral brasileiro , tentar defendê-lo de invasores e
extrair a única riqueza aparente que a região parecia oferecer : o pau-brasil.
A extração do
pau-brasil, portanto, será a atividade básica desse Período Pré-colonial.
Concedida com exclusividade a alguns comerciantes, os quais deveriam mandar ao
Brasil um número determinado de navios anualmente para recolher a madeira, a
extração do pau-brasil utilizou como mão-de-obra os nativos do litoral, que
recebiam mercadorias européias de baixo valor como remuneração ao trabalho de
derrubada e transporte. Por ter sido uma atividade predatória e que deslocou-se
por quase todo o litoral, ela não deu origem a núcleos de povoamento na
colônia, mas a feitorias, que serviam como pontos de comércio.
Apesar das
idas e vindas dos navios portugueses, a costa brasileira não se viu livre de
estrangeiros, principalmente franceses, os quais contrabandeavam o pau-brasil.
Com a concorrência de outros países no comércio com as Índias e o perigo de
perder as terras brasileiras, Portugal resolve dar início, em 1530, à
colonização de fato, ocupando o território e fazendo-o produzir em benefício da
metrópole.
A ocupação e
administração do território
Portugal,
contudo, como Estado mercantilista, não tinha como objetivo aplicar seus
recursos na colonização, devendo atrair para a colônia pessoas enriquecidas que
estivessem interessadas em investir e defender o território, além de fazê-lo
produzir artigos lucrativos para a metrópole.
Para tanto, em
1532, Portugal dividiu o território brasileiro em faixas de terra horizontais,
denominadas Capitanias Hereditárias, as quais foram sendo doadas a pessoas
endinheiradas por meio de dois instrumentos legais : a Carta de Doação e o
Foral. Pelo primeiro, a pessoa que recebia a terra, o donatário, assumia, em nome
do Rei, a posse da terra, devendo administrá-la segundo os interesses
metropolitanos; pelo segundo, ficavam estabelecidos os critérios econômicos da
exploração da terras, sendo que alguns produtos eram monopólio real, e sobre
outros o donatário recebia um percentual sobre sua venda. Aos donatários cabia
também a tarefa de doarem sesmarias, extensas faixas de terra em suas
capitanias, com o objetivo de atrair colonos para o Brasil.
Esse sistema
descentralizado, contudo, não deu os resultados esperados, pois foram poucas as
capitanias que prosperaram e reduzido o lucro metropolitano. Em 1548, Portugal
cria o Governo-Geral, buscando, ao mesmo tempo, auxiliar os donatários e
fiscalizar mais de perto a colônia, reduzindo os poderes administrativos dos
donatários.
Conforme as
capitanias iam progredindo e iam aparecendo vilas, nelas eram criadas as
Câmaras Municipais, responsáveis pela administração local e pela intermediação
entre os interesses metropolitanos e os coloniais. Desses órgãos faziam parte
os homens bons, proprietários de terras e escravos.
Até o século
XVIII, a ocupação do território brasileiro limitou-se ao litoral e à construção
de fortes e missões religiosas ao longo do rio Amazonas.
Tornando a
colônia lucrativa
Somente a
ocupação do território brasileiro não satisfazia os interesses mercantilistas
portugueses: era necessário que ele servisse como economia complementar àquela
de Portugal, produzindo artigos lucrativos para a metrópole. É nesse sentido
que a economia colonial estará sempre voltada para um objetivo externo,
produzindo açúcar, tabaco, drogas do sertão e metais preciosos, dentre outros.
A produção
açucareira no Brasil colonial seguiu o modelo da plantation, e concentrou-se
principalmente no litoral nordestino. Contando com investimentos holandeses, o
açúcar brasileiro passava, ainda na colônia, por um semi-processamento em
moldes manufatureiros, sendo depois vendido a comerciantes portugueses, os
quais, por sua vez, vendiam-no aos holandeses, os únicos que detinham a
tecnologia do refino, e que acabavam por ficar com os maiores lucros.
Quando o trono
português ficou vago e passou a ser ocupado por monarcas espanhóis - a União
Ibérica - a Espanha proibiu o comércio com os flamengos, levando às invasões
holandesas ao território brasileiro. Permanecendo por 24 anos no litoral
nordestino, os holandeses desenvolveram a região e, ao serem expulsos, trataram
de produzir açúcar em algumas ilhas antilhanas, passando a fazer concorrência
ao produto brasileiro. Apesar disso, o açúcar foi , durante todo o período
colonial, o principal produto de exportação brasileiro.
No século
XVIII, a descoberta de ouro no interior da colônia solucionou os graves
problemas pelos quais Portugal então passava, o que deu origem a uma política
fiscalista e tributária intensa. Sobre a produção aurífera recaíam numerosos
impostos e foram criados órgãos especiais para seu controle. Ao contrário do
que havia ocorrido na região açucareira, contudo, a atividade mineradora deu
origem a numerosos núcleos urbanos e a uma sociedade mais diversificada,
contando, além de mineradores e escravos negros, de grupos médios como
comerciantes, profissionais liberais e funcionários públicos, dentre outros.
O trabalho na
colônia
Assim como os
espanhóis, os primeiro portugueses a ocuparem a colônia brasileira tinham como
objetivo utilizarem-se da mão-de-obra nativa, o que reduziria bastante os
custos de produção. A reduzida população indígena brasileira e sua dispersão
pelo território, contudo, dificultaram tal propósito, o que facilitou a pressão
portuguesa no sentido de que os colonos utilizassem escravos africanos.
Essa opção se
explica pela elevada lucratividade que o comércio de escravos africanos gerava
tanto para a metrópole, sob a forma de impostos, quanto para os comerciantes
metropolitanos, já que os negros eram trocados por mercadorias de baixo valor
nas costas africanas. Por outro lado, contando com o auxílio da Igreja
Católica, presente na colônia com numerosos religiosos, a escravidão do
indígena foi proibida, embora estes fossem utilizados sob formas compulsórias
de trabalho, desafiando as ordens metropolitanas.
A mão-de-obra
livre também foi utilizada na colônia, mas em menor proporção e vinculada, em
geral, a atividades destinadas ao mercado interno, como a pecuária, o comércio
e a pequena produção agrícola.
É bom lembrar
que a escravidão no Brasil, que durou até 1888, foi sempre marcada pela
violência, embora existissem formas diversas de trabalho escravo, como os
negros de ganho , e, ainda, a brecha camponesa, que permitia à escravaria obter
excedentes agrícolas em terrenos cedidos para seu uso pelos senhores.
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