No final do século XVIII, as elites locais se consolidaram
em todos os territórios coloniais das Américas. Quanto mais cresciam as
economias americanas, maior era a tensão com as metrópoles. Os colonos
desejavam a diminuição dos impostos e maior liberdade de comércio, porém as
potências coloniais européias não permitiam a concorrência dos territórios
americanos
As independências americanas foram
impulsionadas pelas elites coloniais (exceto no Haiti, libertado em conseqüência
de uma revolta de escravos). Os Estados Unidos conquistaram a independência em
1776 e os países da América Latina, no princípio do século XIX. Apenas Cuba e
Porto Rico continuaram colonizados até 1898.
A Independências das
Treze Colônias
A Inglaterra havia estabelecido treze colônias na costa
atlântica da América do Norte, agrupadas sob o nome de Nova Inglaterra. Algumas
dessas colônias tiveram grande desenvolvimento econômico. As do sul exportavam
tabaco, café e arroz; as do centro, madeira e trigo; as do norte, peixe em
conserva e navios. Desenvolveu-se um "comércio triangular" entre
essas colônias, a América Central, a África e a Europa. O controle de Londres
impedia um crescimento maior, pois o governo inglês temia que essas colônias fossem
competir com sua própria economia.
A imposição de novos impostos e o
monopólio do chá irritaram os comerciantes da Nova Inglaterra. Em dezembro de
1773, os norte-americanos de Boston invadiram alguns navios ingleses aportados
e lançaram ao mar seu carregamento de chá. O governo britânico reagiu com as
"leis intoleráveis". Os colonos organizaram o 1º Congresso
Continental de Filadélfia, protestando contra a tributação excessiva. Em 1776,
no 2º Congresso, representantes dos treze Estados assinaram a Declaração de Independência,
marcando o início da guerra. Depois de cinco anos de combates, os
norte-americanos (auxiliados pela França) venceram os ingleses.
Em 1787, de acordo com os ideais
progressistas vindos do Iluminismo, os Estados
recém-independentes enviaram representantes à Convenção Constitucional de Filadélfia, onde se decidiria a futura organização do país. A Constituição dos Estados Unidos estabeleceu uma
república presidencialista e um modelo federalista, em que cada Estado da União
mantinha sua soberania. Esta Constituição garantiu também a separação de
poderes e o controle presidencial por parte das Câmaras. Pelo conteúdo
democrático, serviu de modelo para todas as constituições modernas.
Texto complementar
Declaração
de Independência dos Estados Unidos da América
"Em Congresso, 4 de julho de 1776 .
Declaração unânime dos Treze Estados Unidos da América.
Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna
necessário para um povo dissolver o vínculo político que o mantinha ligado a
outro, e assumir entre as potências da terra a situação separada e igual a que
as leis da natureza e o Deus da natureza lhe dão direito, um decoroso respeito
às opiniões da humanidade exige que ele declare as causas que o impelem à
separação.
– Consideramos as seguintes verdades evidentes por si
mesmas, a saber, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador
de certos direitos inalienáveis, entre os quais figuram a vida, a liberdade e a
busca da felicidade.– Para assegurar esses direitos, entre os homens se instituem
governos, que derivam seus justos poderes do consentimento dos governados.
– Sempre que uma forma de governo se dispõe a destruir
essas finalidades, cabe ao povo o direito de alterá-lo ou aboli-lo, e instituir
novo governo, assentando seu fundamento sobre tais princípios e organizando
seus poderes de tal forma que a ele pareça ter maior probabilidade de
alcançar-lhe a segurança e a felicidade (...)
Nós, portanto, representantes dos ESTADOS UNIDOS DA
AMÉRICA, em congresso geral, reunido, pedindo ao Juiz Supremo do mundo que dê
testemunho da retidão das nossas intenções, solenemente publicamos e
declaramos, em nome do bom povo destas colônias e pela autoridade que ele nos
conferiu, que estas Colônias Unidas são, e por direito devem sê-lo, ESTADOS
LIVRES E INDEPENDENTES; que estão liberadas de toda e qualquer Lealdade à coroa
britânica, e que toda conexão política entre elas e o Estado da Grã-Bretanha é,
e deve ser, totalmente dissolvida; e que, como Estados livres e independentes,
elas têm plenos poderes para fazer guerra, concluir a paz, contratar alianças,
instituir o comércio e fazer todas as outras leis e coisas que os Estados independentes têm o direito de fazer.
– E em abono desta declaração, com firme confiança na
Proteção da Divina Providência, mutuamente hipotecamos uns aos outros nossas
vidas, nossas fortunas e nossa honra sagrada."
A conquista do Oeste no século XIX
Os Estados Unidos foram aos poucos aumentando seu
território. O novo país comprou a Louisiana dos franceses, a Flórida dos
espanhóis e incorporou o Texas (território mexicano). A partir de 1850, com a
febre do ouro, os Estados do Pacífico foram colonizados. Na segunda metade do
século XIX, iniciou-se a unificação do território norte-americano mediante a
conquista das zonas ocupadas pelos índios.
A Guerra de Secessão
As divergências entre os Estados do Norte (industrializado)
e os do Sul (agrário) provocaram a Guerra Civil ou Guerra de Secessão
(1861-1865). O Norte, favorecido politicamente no Congresso com a conquista do
Oeste, defendia o protecionismo alfandegário e a abolição da escravatura,
enquanto os latifundiários do Sul apoiavam o livre comércio e a manutenção da
escravidão. A vitória de Abraham Lincoln (do partido republicano) nas eleições
de 1860 foi o estopim do conflito, pois o presidente representava as forças
capitalistas do Norte. Os estados do Sul proclamaram uma nova União, os Estados
Confederados; a escravidão foi abolida e, no final do conflito, o Sul estava
devastado e os negros marginalizados. Consolidava-se o capitalismo
norte-americano.
A América espanhola
Na América espanhola, o governo da metrópole tornou-se
incapaz de controlar a aristocracia local (os criollos). Parte dos
colonizadores foi se assentando nos territórios da América, formando uma
sociedade de grande dinamismo econômico. Os colonos almejavam o autogoverno
para poder comerciar livremente com outros países e aumentar seus benefícios.
Influenciados pelos princípios liberais difundidos pela Revolução Francesa,
organizaram as lutas de libertação.
As independências
Animados pela independência dos Estados Unidos e também do
Haiti, os latino-americanos se lançaram na luta contra a metrópole. Em 1808, a
queda da monarquia espanhola diante de Napoleão animou os patriotas
latino-americanos. Uma dezena de sublevações estourou em diferentes pontos do
continente, porém a maioria fracassou. A partir de 1817, iniciou-se uma segunda
rodada de insurreições que culminou com a independência de quase todos os
países.
Simón Bolívar
Simón Bolívar foi um militar e político venezuelano. Filho
de uma rica família local, a partir de 1807, engajou-se no movimento de
independência. Em 1811, contribuiu para a proclamação dos Estados Unidos da
Venezuela. Entretanto, os partidários da independência foram reprimidos após
algumas batalhas (em que Bolívar se destacou como militar). O líder do
movimento, Francisco de Miranda, foi preso e Simón Bolívar refugiou-se em
Cartagena de Índias.Em 1813, Bolívar voltou à Venezuela com uma tropa de
guerrilheiros. Conseguiu chegar a Caracas, onde ficou conhecido como "O
Libertador". Mesmo tendo derrotado os espanhóis, as classes populares
venezuelanas o obrigaram a fugir. Em 1816, porém, voltou à Venezuela e após
três anos de guerra conseguiu controlar o país.
Após
conseguir o controle da Venezuela, Bolívar empenhou-se em libertar toda a
região, pois desejava criar uma Grande Colômbia. Entrando com suas tropas em
Bogotá, foi eleito presidente da Colômbia. Com ajuda do general Sucre, libertou
o Peru e o Equador. Entretanto, nunca conseguiu realizar seu sonho de ver uma
América Latina unida à maneira dos Estados Unidos.
San Martín
José Francisco de San Martín foi um militar argentino
criado na Espanha, país onde sempre se sentiu estrangeiro. Ingressou no
exército espanhol e combateu em diversas frentes. Voltando à Argentina em 1811,
dirigiu um exército independentista que atravessou os Andes para apoiar os
revoltosos do Peru e do Chile. Depois de libertar esses dois países,
desentendeu-se com Bolívar e deixou a política, partindo para o exílio.
O Haiti
A independência do
Haiti, em 1804, contudo, deve ser destacada, no sentido em que foi a única
experiência emancipacionista americana a envolver uma questão social, a questão
escravista. Nesse país, a luta pela independência confunde-se com a luta pela
abolição da escravidão, tomando, num primeiro momento, um conteúdo
revolucionário.
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