sábado, 28 de dezembro de 2013

O Renascimento: A razão brilha para todos

Muito além das artes, o Renascimento transformou a vida social e o comportamento do homem comum

Angelo Adriano Faria Assis
Na pintura do flamengo Pieter Brueghel, O Velho, de 1565, trabalhadores em colheita. A arte do período sobrepunha a razão à fé.

O sorriso enigmático da Mona Lisa faz por merecer a multidão de turistas e a enxurrada de flashes que a registram todos os dias no Museu do Louvre, em Paris. Criada por Leonardo Da Vinci no início do século XVI, a Gioconda é resultado da utilização de técnicas de pintura apuradíssimas e proporções corporais exatas, sem falar no famoso meio sorriso e no olhar enviesado. Mais do que uma revolução artística, porém, o que aquela criação testemunha é um período de transformações culturais e sociais que varreriam a Europa e dariam luz ao homem moderno.
Em geral, o Renascimento é celebrado por suas grandes obras na pintura, na escultura e na arquitetura. Artistas do quilate de Michelangelo, Rafael, Da Vinci, Botticelli, Caravaggio, Arcimboldo, El Greco, Bruegel, Bosch, entre tantos outros, reiventarama arte com novas noções de dimensão espacial, emprego das cores e valorização dos planos e contrastes, como ochiaroescuro, ornamentação detalhada e equilíbrio geométrico. Mais tarde, o conceito de renascença seria estendido à literatura, à filosofia e à ciência. Na escrita, Cervantes, Camões, Maquiavel, Montaigne e Erasmo detalhavam desejos, medos, qualidades e defeitos do ser humano e de sua moral. Era a razão se sobrepondo à fé. Descreviam a utopia de um homem novo e do mundo perfeito, num tempo em que sonhar era arriscado.
Foi também um momento de exacerbação da escatologia, do realismo grotesco e do vocabulário das ruas, presentes nas obras Gargântua (c. 1532) ePantagruel (c. 1564), de François Rabelais, a retratar celebrações e atos cômicos do cotidiano popular. Cientistas como Copérnico, Galileu, Vesalius e Kepler ajudavam a compreender os fenômenos da natureza pela própria natureza, e não mais por vontade divina. O homem, em vez de Deus, passava a ocupar o centro das atenções.
O historiador francês Jean Delumeau, em A civilização do Renascimento, afirma que este movimento ensinou o homem “a atravessar os oceanos, a fabricar ferro fundido, a servir-se das armas de fogo, a contar as horas com um motor, a imprimir, a utilizar dia a dia a letra de câmbio e o seguro marítimo”. Fez mais: despertou o interesse pelo conhecimento do corpo, definiu maneiras de pensar a política e o sagrado, permitiu a descoberta de terras e costumes no contato com outros povos, incentivou o avanço nas ciências e no modo de entender a ordem do mundo. Pintores, escultores e escritores representaram o cotidiano e os costumes de camponeses e citadinos, a natureza, os rituais da aldeia, as fases da vida, o trabalho diário, a produção e o preparo dos alimentos, as festas, as danças, os jogos, as feiras, as batalhas, a morte, o amor.
Mas qual terá sido o impacto prático do Renascimento para o homem comum?
O advento da imprensa – graças à invenção dos tipos móveis por Gutenberg na década de 1450 – tornou-se poderoso fator de transformação social, ao acelerar e expandir a circulação das ideias para um público cada vez mais extenso, incentivando o desenvolvimento da cultura letrada, ainda bastante limitada. Embora muitos fossem analfabetos, as informações eram repassadas pelos que liam e repetidas oralmente aos demais, contribuindo para alargar a visão de mundo e para reordenar os papéis a serem desempenhados pelos homens na sociedade.
Do macro ao micro, inovações tecnológicas mudaram o entendimento do mundo. Enquanto ateoria heliocêntrica provava que a Terra girava em torno do Sol (e não o contrário, como normalmente se acreditava), microscópios desvendavam seres desconhecidos ao olho humano. O estudo da dissecação de cadáveres, que permitia a mestres da arte pintarem e esculpirem figuras humanas em perfeição de detalhes, também gerava avanços na medicina. Entender a composição e o funcionamento do corpo – veias, ossos, músculos, órgãos internos e externos, sistemas digestivo, circulatório e respiratório – auxiliava na descoberta, na identificação e no tratamento de mazelas. Aos poucos, explicações sobrenaturais para as doenças, como espíritos malignos ou influência do demônio, eram substituídas por tratamentos racionais e científicos. Surgiram o termômetro e uma série de novos instrumentos e técnicas cirúrgicas, remédios químicos e minerais, a exemplo do mercúrio. Passou-se a produzir membros artificiais, como pernas e braços mecânicos, as suturas substituíram a cauterização de ferimentos. Popularizou-se a ideia do cuidado com a saúde, diminuiu a necessidade de amputações, aumentou a expectativa de vida.
Nos campos, o aperfeiçoamento de arados, alavancas de rosca e moinhos hidráulicos somava-se a métodos organizados de plantio e experiências vindas de outras regiões e continentes, efeito das grandes navegações. Resultado: aumentou a produção e a oferta de alimentos e amenizou-se o trabalho árduo na lavoura, com reflexos imediatos na saúde da população.
O tempo passou a ser contado com maior exatidão do que antes, quando o máximo de que se dispunha eram ampulhetas, quando não o badalar dos sinos das igrejas. O relógio mecânico, composto por complexa engrenagem de rodas denteadas, molas e ponteiros, tornava precisa a indicação de horas e minutos, aumentando o controle sobre as rotinas diárias. Tratados como verdadeiros objetos de arte, ficavam muitas vezes expostos em edificações e praças públicas, enfeitando a paisagem e ordenando os afazeres, fixando e disciplinando compromissos ou a contagem das horas trabalhadas.
A aplicação dos símbolos matemáticos + e –, em vez de escritos por extenso, o uso de frações decimais, a invenção da máquina de calcular por Blaise Pascal, em 1642, a padronização de pesos, medidas e valores monetários garantiam contas mais rápidas e a exatidão de quantidades e preços, auxiliando os registros comerciais de compra e venda de mercadorias.
O florescimento das cidades, a ascensão burguesa, as novas normas de convivência e civilidade e o fortalecimento do individualismo levaram a mudanças até nos casamentos, que começavam a respeitar as preferências de cada pessoa, ao contrário dos matrimônios arranjados da Idade Média. Extremamente sensível às transformações de seu tempo, coube a William Shakespeare criar o símbolo máximo dessa revolução: a tragédia de Romeu e Julieta (1597), dois jovens apaixonados que sacrificam suas vidas em nome do amor, pondo fim à milenar rivalidade entre suas famílias.
O teatro, por sinal, mobilizava grandes públicos e era um veículo importante para disseminar as mudanças de costumes. O próprio Shakespeare possuía, em sociedade, o Globe Theatre, localizado junto ao rio Tâmisa, na capital inglesa. As peças eram encenadas durante o verão e com dia claro, para garantir transporte à plateia até a outra margem do Tâmisa e se encerrar cedo, pelo risco de assaltos. Os cenários eram simples, com poucos adereços, e os papéis femininos ainda eram interpretados por homens, pois mulheres eram proibidas de representar. Elas também raramente apareciam na plateia. Algumas companhias realizavam turnês, levando os espetáculos, recheados de críticas sociais, para públicos que viviam longe das grandes cidades, divulgando novas ideias e aumentando o interesse popular pela arte.
Embora os efeitos do Renascimento se fizessem sentir principalmente nas cidades, os locais mais afastados também foram influenciados pelas transformações da época. A rotina dos camponeses e das classes populares nunca mais seria a mesma: na forma de comer, no modo de trabalhar, nas relações sociais, na crítica aos valores estabelecidos, na relação com Deus e com o clero. Um mundo com maior presença da razão começava a ganhar força e a moldar as raízes do homem contemporâneo.
Mas a soberania da razão não impede a renovação dos horrores humanos: guerras religiosas e pela formação de Estados, a miséria e a fome que se alastravam pela Europa, armas de fogo mais potentes, a violência da conquista de novas terras e povos, a escravização de africanos. Os questionamentos à ordem estabelecida também geraram reações conservadoras, principalmente da Igreja. A Inquisição foi intensificada, espalhando uma atmosfera de perseguição e medo nas sociedades sob a alçada do Santo Ofício, como Portugal, Espanha e Itália. Perseguiam-se bruxas, hereges, protestantes, homossexuais, descendentes de judeus e mouros, proibiam-se livros e a divulgação de valores contrários à moral cristã. Indivíduos eram denunciados, presos, processados e, no limite, condenados à morte. Não eram poucos os que continuavam a acreditar em superstições, na influência do diabo e nos castigos divinos como explicação para os problemas do dia a dia. Os pintores flamengos Hieronymus Bosch e Pieter Brueghel, em quadros como Juízo Final e O triunfo da Morte, retrataram os terrores que alimentavam o imaginário popular, recheado de monstros, doenças, demônios, fantasmas, vícios, seres híbridos, hermafroditas.
Se hoje as obras de arte renascentistas são conhecidas em todo o mundo, na época eram financiadas por mecenas e costumavam ficar restritas a poucos, enfeitando palácios ou residências burguesas. Foi em termos de impacto social e cultural que o Renascimento extrapolou todos os limites. “Penso, logo existo”, filosofou Descartes. Quando o pensamento humano se liberta, um novo mundo pode existir.

Angelo Adriano Faria Assisé professor da Universidade Federal de Viçosa e autor de João Nunes, um rabi escatológico na Nova Lusitânia: sociedade colonial e inquisição no nordeste quinhentista (Alameda, 2011), e de Macabeias da Colônia: Criptojudaísmo feminino na Bahia (Alameda, 2012).


Saiba mais - Bibliografia

BURCKHARDT, Jacob. A cultura do Renascimento na Itália. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
BURKE, Peter. Cultura popular na Idade Moderna. Europa, 1500-1800. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. Vol. 1. Lisboa: Editorial Estampa, 1983.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A primeira escola exclusiva para negros no Brasil


O professor Pretextato conduziu a primeira escola exclusiva para “pretos e pardos” no século XIX


O ingresso e a permanência das populações não brancas nas escolas brasileiras mobilizam importantes discussões e esforços há muitos anos. No tempo da escravidão, um grupo de pais de meninos “pretos e pardos” residentes na cidade do Rio de Janeiro enfrentou o desafio de escolher um professor “preto”,Pretextato dos Passos e Silva, para os seus filhos e de ajudá-lo a manter uma escola específica para eles.
Em teoria, a partir da lei de 1854, as escolas públicas do Império deveriam aceitar alunos de qualquer cor, desde que fossem livres – incluindo os escravos alforriados –, vacinados e não portadores de doenças contagiosas. As escolas particulares podiam selecionar seu público de acordo com a vontade de seus donos, desde que os interessados fossem saudáveis também. E nos dois casos, a convivência, às vezes, poderia se tornar um conflito racial. Por isso, pais dos “meninos pretos e pardos” fizeram um abaixo-assinado para que a escola do professor Pretextato continuasse funcionando. Segundo eles, seus filhos aprendiam mais do que em experiências anteriores. As razões do sucesso daquela escola não foram explicadas no abaixo-assinado, e sim pelo próprio professor, de acordo com suas intenções na época.
O documento compunha um dossiê que Pretextato preparou para solicitar ao Inspetor Geral da Instrução Pública – o então responsável pela educação básica da Corte – dispensa de uma prova muito importante para os professores da época: a de capacidade profissional. A partir de 1854, todos os docentes públicos e particulares da cidade que quisessem continuar dando aulas ou manter abertas suas escolas eram obrigados a fazer este exame. E, ao que parece, esta era uma prova bastante difícil: tinha uma parte escrita e outra oral. Os examinadores eram, além do Inspetor Geral, pessoas convidadas por ele. Em 1856, por exemplo, apenas 31 dos 77 avaliados foram aprovados.
Pretextato não queria fazer aquela prova e, para se livrar dela, reuniu vários documentos, dentre os quais o abaixo-assinado dos pais. Seu objetivo: demonstrar que era um bom professor, que seu trabalho era socialmente aprovado e reconhecido e que a sua escola merecia continuar aberta.
No processo encaminhado em 1856 à Inspetoria Geral da Instrução Pública – órgão responsável pela fiscalização do setor na então capital –, em que pede autorização para que sua escola siga funcionando, Pretextato conta como e por que ela foi criada.
O professor relata que “em algumas escolas ou colégios, os pais dos alunos de cor branca não querem que seus filhos ombreiem com os de cor preta”, e que por isso os professores geralmente “repugnam admitir os meninos pretos”. Os que são admitidos “na aula não são bem acolhidos; e por isso não recebem uma ampla instrução, por estarem coagidos”. Ele confirma ainda que, pelo fato de também ser “preto”, foi “convocado por diferentes pais de famílias” para que abrisse em sua casa uma “pequena escola de instrução primária, admitindo seus filhos da cor preta, e parda”.
Pelas regras criadas em 1854, era preciso atender a algumas condições para receber a licença de professor: ser maior de 25 anos, possuir “atestados de moralidade” e redigir uma declaração explicando qual havia sido seu meio de vida nos cinco anos anteriores. Para os donos de escolas, era exigido também um programa de estudos e o regulamento do estabelecimento, além da descrição do estado físico do local. Por fim, era necessário fornecer uma lista com nomes e habilitações de todos os professores que ali trabalhavam.
Pretextato apresentou os atestados, mas nada sobre sua vida passada, anterior à abertura de sua escola. No processo não consta sua idade nem o que fazia antes de ser professor. Havia apenas seu endereço (Rua da Alfândega, 313, no Centro do Rio), a lista de matérias que ensinava, duas declarações (uma fornecida por seu vizinho e outra pelo inspetor do quarteirão onde morava) e os nomes dos quinze pais de seus alunos (com dois abaixo-assinados feitos por eles defendendo a continuidade da escola) e de pessoas que o conheciam (com um terceiro abaixo-assinado).
Os documentos com quinze assinaturas de responsáveis por alunos atestavam o bom comportamento e a competência do professor. “Nós lhe estamos muito obrigados (a Pretextato) e muito satisfeitos com o seu ensino, moralidade e bom comportamento”, dizia um dos textos. A maioria dos pais (77%) e todas as mães eram analfabetas, já que apenas seis homens assinaram seus nomes. E entre os que assinaram os nomes, quatro tinham letra sofrível, o que indica que não estavam acostumados a escrever.
Essas informações mostram que quase todos os alunos vinham de famílias humildes, com baixo nível de instrução – dois homens e duas mulheres que assinaram a lista nem tinham sobrenomes. A expectativa desses pais era apenas que seus filhos pudessem “saber alguma coisa, ainda que não seja com perfeição, ao menos melhor do que até agora”, e que saíssem da escola sabendo “ler alguma coisa desembaraçado, escrever quanto se pudesse ler, fazer as quatro espécies de conta, e alguma coisa de gramática”. De fato, no programa da escola constavam aulas de leitura, escrita, das quatro operações básicas da aritmética e de doutrina (religião).
Os pais dos alunos explicam também que pediram a ajuda de Pretextato porque algumas crianças “tinham de entrar (na escola) naquele ano”, provavelmente numa alusão ao decreto do ministro dos Negócios do Império, Luís Pedreira do Couto Ferraz, que obrigava todos os maiores de sete anos a assistirem a aulas, mesmo que em casa, sob pena de multa.
Era comum os professores tentarem “fugir” do exame. Pretextato foi um dos que pediram para não serem avaliados pela Inspetoria Geral, alegando o seguinte: “como o suplicante, se bem que não ignora estas matérias; contudo é assaz acanhado, para em público responder com prontidão a todas as perguntas de um exame”. Ele acrescenta que não se recusaria a fazer a prova “se não conhecesse a sua falta de coragem”. O interessante para quem lê o documento é verificar como Pretextato mudou o tom do seu discurso: num momento fez uma crítica inflamada ao racismo vivenciado pelos meninos e no outro se assumiu “tímido”.
A timidez para falar em público era a justificativa apresentada pela maioria dos professores que pediam dispensa da prova. Em geral, os pedidos como esses eram negados pelo Inspetor Geral e ex-ministro da Justiça Eusébio de Queirós (1812-1868), mas o de Pretextato foi aceito. A autorização para funcionamento da escola também foi concedida, mesmo com poucas informações sobre a vida do docente no processo. E isto faz também do caso Pretextato algo especial: as autoridades eram muito exigentes com relação à documentação das escolas e dos professores, mas não o foram neste caso.
Em sua recomendação, Eusébio de Queirós dá pistas de que, ao aceitar a demanda de Pretextato, levou em conta o caráter único de sua escola. Ele até demonstra simpatia pela ideia ao destacar a “conveniência de haver mais estabelecimentos em que possam receber instrução os meninos (negros) a que se refere o suplicante (o professor Pretextato)”.
Em 1871, a escola ainda funcionava na Rua da Alfândega, e há registros de que em 1872 ela continuava contando com 15 alunos, mas não se sabe quem eram eles. Por essa época, o professor se mudou para uma rua paralela, a Senhor do Passos. Em 1873, acabou sendo despejado e teve seu material de trabalho penhorado pela Santa Casa de Misericórdia em consequência do não pagamento dos aluguéis de março e abril daquele ano. Terminava assim a experiência, talvez pioneira e única, do professor Pretextato. Os pesquisadores não encontraram qualquer registro de outra escola deste tipo, com estas motivações, no século XIX.
Nos colégios públicos de primeiras letras de Minas Gerais, por exemplo, num período muito próximo ao da iniciativa do professor Pretextato, a grande maioria dos alunos era composta de pardos. No Rio de Janeiro, em 1836, a escola primária da freguesia de Santana abrigava cinco meninos forros entre os seus 100 alunos. Sem contar com duas crianças alemãs que estudaram lá, não se pode dizer que os outros 93 alunos eram brancos, porque não há informações sobre as cores dos outros meninos. É bem provável que houvesse muitos “pardos” entre eles. Na Zona da Mata de Pernambuco, no mesmo período, mais de 20% dos alunos eram não brancos.
Apesar de ter tido conhecimento da existência de uma escola racializada, o governo do Império nunca investiu nesse tipo de proposta educacional. Também nunca investiu na criação de leis que dividissem racialmente o público que poderia frequentar os espaços de instrução, tanto na condição de alunos como na de professores.
Ao que parece, a imensa maioria da população não branca que teve condições de colocar seus filhos e filhas em escolas não “optou” pela criação de instituições étnicas. Em vez disso, enfrentou e venceu o racismo no dia a dia.
Por Adriana Maria Paulo da Silva
Adriana Maria Paulo da Silva é professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autora de Aprender com perfeição e sem coação: uma escola para meninos pretos e pardos na Corte (Plano, 2000).
Bibliografia
GOMES, Flávio. Negros e política (1888-1937). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
MOURA, Eugênio Marcondes de. A travessia da Calunga Grande. Três séculos de imagens sobre o negro no Brasil (1637 e 1899). São Paulo: Edusp, 2000.
Internet
FONSECA, Marcus Vinícius. “Pretos, pardos, crioulos e cabras nas escolas mineiras do século XIX” In: ROMÃO, Jeruse (org.). História da Educação do Negro e outras histórias.

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Brasília:
Ministério da Educação, 2005.
www.rhbn.com.br/escoladiferente

sábado, 5 de outubro de 2013

A HISTÓRIA DO JAZZ - BLUES



Por volta de 1808 o tráfico de escravos no Atlântico trouxe aproximadamente meio milhão de africanos aos Estados Unidos, em grande quantidade para os estados do sul. Grande parte dos escravos vieram do oeste da África e trouxeram fortes tradições da música tribal. Em 1774 um visitante os descreveu, dançando ao som do banjo de 4 cordas e cantando "a música maluca", satirizando a maneira com que eram tratados. Uma década mais tarde Thomas Jefferson similarmente notou "o banjar, que foi trazido da distante África". Foi feita de cabaça, como a bânia senegalesa ou como a akonting do Oeste da África. Festas de abundância com danças africanas, ao som de tambores, eram organizadas aos domingos em Place Congo Nova Orleães, até 1843, sendo como uma festa similar em Nova Orleães e Nova Iorque.

Escravos da mesma tribo eram separados para evitar formações de revolta. E, pela mesma razão, nos estados da Geórgia e Mississippi não era permitido aos escravos a utilização de tambores ou instrumentos de sopro que fossem muito sonoros, pois poderiam ser usados no envio de mensagens codificadas. Entretanto, muitos fizeram seus próprios instrumentos com materiais disponíveis, e a maioria dos chefes das plantações incentivaram o canto para que fosse mantida a confiança do grupo. A música africana foi altamente funcional, tanto para o trabalho quanto para os ritos.

As work songs e field hollers incorporaram um estilo que poderia ser ainda encontrado em penitenciárias dos anos 1960, e em um caso eram parecidas com uma canção nativa ainda utilizada em Senegal. No porto de Nova Orleães, estivadores negros ficaram famosos pelas suas canções de trabalho. Essas canções mostravam complexidade rítmica com características de polirrítmica do jazz. Na tradição africana eles tinham uma linha melódica e com o padrão pergunta e resposta, contudo, sem o conceito de harmonia do Ocidente. O ritmo refletido no padrão africano da fala e o sistema tonal africano levaram às blue notes do jazz.

No começo do século XIX, um número crescente de músicos negros aprendiam a tocar instrumentos do ocidente, particularmente o violino, provendo entretenimento para os chefes das plantações e aumentando o valor de venda daqueles que ainda eram escravos. Conforme aprendiam a música de dança europeia, eles parodiavam as músicas nas suas próprias danças cakewalk. Por sua vez, apresentadores dos minstrel show, euro-americanos com blackface, estilo de maquiagem usado para sátira, popularizavam tal música internacional, a qual era combinação de síncopas com acompanhamento harmônico europeu. Louis Moreau Gottschalk adaptou música latina e melodia de escravos para músicas de piano de salão, com músicas tais como Bamboula, danse de nègres de 1849, Fantaisie grotesque de 1855 e Le Banjo, enquanto sua música polka Pasquinade, em torno do ano 1860, antecipou ragtime e foi orquestrado como parte do repertório de concerto da banda de John Philip Sousa, fundada em 1892.

Outra influência veio dos negros que frequentavam as igrejas. Eles aprenderam o estilo harmônico dos hinos e os adaptavam em spirituals. As origens do blues não estão registradas em documentos, entretanto, elas podem ser vistas como contemporâneas dos negro spirituals. Paul Oliver chamou a atenção à similaridade dos instrumentos, música e função social dos griots da savana do oeste africano, sob influência Islâmica. Ele notou estudos mostrando a complexidade rítmica da orquestra de tambores da costa da floresta temperada, que sobreviveram relativamente intacta no Haiti e outras partes do oeste das Índias mas não era farta nos Estados Unidos. Ele sugeriu que a música de cordas do interior sudanês se adaptou melhor com a música popular e baladas narrativas, dos ingleses e dos donos de escravos scots-irish e influenciaram tanto o jazz como o blues.

A proibição da venda de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos, que vigorou de 1920 a 1933, resultou na criação dos speakeasies, locais onde a bebida era vendida ilegalmente. Esses estabelecimentos acabaram sendo grandes difusores do jazz, que, por isso, ganhou a reputação de ser um estilo musical imoral.Nesse período, em 1922, a Original Creole Jazz Band se tornou a primeira banda de jazz de músicos negros de Nova Orléans a fazer gravações.5 6 No entanto, era Chicago o novo centro do desenvolvimento do Dixieland, porque lá se juntaram King Oliver e Bill Jonhson. Naquele ano Bessie Smith, famosa cantora de blues, também gravou pela primeira vez.

Bix Beiderbecke formou o grupo "The Wolverines" em 1924. No mesmo ano Louis Armstrong se tornou solista da banda de Fletcher Henderson por um ano e depois formou o seu próprio grupo, o Hot Five. Jelly Roll Morton gravou com os New Orleans Rhythm Kings, e em 1926 formou os Red Hot Peppers. Na época havia um grande mercado para a música dançante influenciada pelo Jazz tocada por orquestras de músicos brancos, como a de Jean GoldKette e a de Paul Whiteman. Em 1924 Whiteman pediu ao compositor George Gershwin que ele criasse um concerto que misturasse características de Jazz com a música clássica, o que resultou na famosa Rhapsody in Blue, que foi executada na première o concerto An Experiment in Modern Music, regido por Whiteman. Dizem as más línguas que a Coca Cola saiu disso tudo ai...

Nova Orleãs tinha se tornado uma mistura de raças. Os franco-criolos aproveitavam muitas das oportunidades dos brancos, e grupos de negros participavam em músicas clássicas e em óperas da cidade. Entretanto, a lei de segregação, que entrou em vigor no ano de 1894, classificou a população afro-crioula como "negra", colocando as duas comunidades em uma só definição. Desde 1857, existia prostituição legalizada na área conhecida como "The Tenderloin", e em 1897 essa zona de meretrício, próximo a Basin Street, ficou conhecida como "Storyville", lendário provedor de emprego para os talentos do jazz que surgia.Na época, diversas bandas marciais, tais como a Onward Brass Band (fundada por volta de 1880), encontraram serviço em diversas situações, particularmente em funerais luxuosos. Neles, se tocava música solene no caminho do cemitério, e posteriormente no caminho de volta eram executadas versões de músicas como a Marcha Fúnebre em estilo ragtime.

A partir do ano de 1890, o trompetista Buddy Bolden liderou uma banda que fazia apresentações em Storyville, incorporando dança Afro-criola, música com elementos de blues e adicionando swing ao ritmo, trazendo inspiração a futuros músicos de jazz. Sua carreira acabou abruptamente em 1907, antes que ele gravasse, até então não se sabe ao certo o seu estilo. Suas apresentações nos desfiles e danças de Nova Orleães parecem ter sido exemplos iniciais do improviso no jazz.

O inov
ador pianista afro-criolo Jelly Roll Morton começou sua carreira em Storyville, e mais tarde disse ter usado o termo jazz em 1902 quando demonstrou a diferença entre ragtime como um tipo de sincopação, adequada somente para algumas canções, e jazz como "um estilo que pode ser aplicado a qualquer tipo se canção", inclusive clássicos populares, tais como as árias de Giuseppe Verdi. De 1904, ele fez tours com shows vaudevile, em torno das cidades do sul, também tocando em Chicago e Nova Iorque.

O "Jelly Roll Blues", composta por Jelly Morton em 1905 e publicada em 1915, foi o primeiro arranjo de jazz impresso. Isso permitiu que mais músicos fossem apresentados ao estilo de Nova Orleãs. Bolden influenciou Freddie Keppard, o qual iniciou tocando por volta de 1906. Rapidamente obteve sucesso. Aproximadamente em 1917, Keppard se juntou à Bill Johnson's Original Creole Orchestra, que fazia performances em Los Angeles, California, meses antes de fazer tours em várias cidades com o vaudeville, introduzindo o estilo nas áreas do norte.

No mesmo ano a liderança estava com Joe "King" Oliver, que possuía um estilo mais relativo ao blues. Oliver tocava com o trombonista Kid Ory, e ensinava o jovem fã de Bolden Louis Armstrong. Enquanto a maioria das bandas eram afro-criolas ou negras, Papa Jack Laine era talvez o primeiro músico de jazz que não era negro. Sua banda, Reliance Brass Band, começou em 1888 e continuou com várias etnias apesar das leis de segregação.

Nessa época, salões para baile público e tea rooms foram abertos nas cidades. A música popular de bailes na época eram em estilos blues-ragtime. A música era vibrante, entusiástica e, quase sempre, improvisada. A música ragtime daquele tempo era em formato de marchas, valsas e outras formas tradicionais de músicas, porém, a característica consistente era a sincopação. Notas e ritmos sincopados se tornaram tão populares com o público que os editores de partituras incluíram a palavra "sincopado" em seus anúncios. Em 1899, um pianista jovem e treinado, de Missouri, Scott Joplin, publicou o primeiro de muitas composições de Ragtime que viriam a ser música de gosto popular. As apresentações do líder de banda Buddy Bolden em Nova Orleães, desfiles e danças são um exemplo de estilo de improviso do jazz. O rápido crescimento do público que apreciava a música no pós-guerra produziu mais músicos treinados que fossem formais. Por exemplo, Lorenzo Tio, Scott Joplin e muitas outras importantes figuras, no período inicial do jazz tiveram como base os paradigmas da música clássica.

A abolição da escravidão levou a novas oportunidades para a educação dos afro-americanos que eram livres, mas a segregação racial ainda limitava muito o acesso ao mercado de trabalho. Havia exceções: ser professor, pregador ou músico; e muitos obtinham educação musical. Euro-americanos costumavam ver os músicos negros como provedores de entretenimento de "classe-inferior" nas danças e nos minstrel shows, e mais tarde o vaudeville. Várias bandas marciais foram formadas, aproveitando a disponibilidade dos instrumentos usados nas bandas do exército. Um pianista negro não podia ser aceito em salas de concertos, mas poderia ser encontrado tocando na igreja ou tinham oportunidades de trabalho em bares, clubes e bordéis de zonas de prostituição, sendo que, aqueles que liam partitura eram chamados de "professores" enquanto os outros eram tocadores(ticklers)" que tocavam marfim. Antonin Dvorák escreveu um artigo controverso, publicado em fevereiro de 1898 no Harper's New Montly Magazine, aconselhando os compositores americanos a basearem a sua música nas melodias dos negros.

As danças são normalmente inspiradas pelos movimentos de dança africanos, e foram adotadas por um público de pessoas brancas que viram as danças em vaudeville shows. O cake walk, desenvolvido por escravos como uma cópia satirizada dos bailes formais, se tornou popular. Os Cakewalks, as canções de negros e a música de Jig Bands se desenvolveram em ragtime, em 1895. Posteriormente, Tin Pan Alley, Irving Berlin começaram a incorporar o ragtime em suas composições.

O ragtime, gradualmente, se desenvolveu como música de improviso, com fontes incluindo o cakewalk, as marchas de Sousa e as peças para piano de salão, tais como as variações de Gottschalk, baseados na América Latina e nas melodias dos escravos. Apareceram registradas como partitura, através do animador Ernest Hogan, canções supostamente ditas como canções de sucesso em 1895, e dois anos mais tarde Vess Ossman gravou um medley dessas músicas no banjo solo: "Rag Time Medley".

Também em 1897, o compositor William H. Krell publicou seu "Mississippi Rag", como a primeira peça de rag escrita para piano. Scott Joplin, pianista instruído na forma clássica, produziu seu "Original Rags" no ano seguinte, então em 1899 o "Maple leaf Rag" foi um sucesso internacional. Ele compôs vários rags populares, combinando sincopação, figurações do banjo e, às vezes call-and-response, entretanto, suas tentativas no ragtime na ópera e no balé foram sem sucesso. Porém, a banda de Philip Sousa tocou ragtime em suas jornada pela Europa, de 1900 até 1905, e a linguagem "ragtime" foi continuada por compositores clássicos, incluindo Claude Debussy e Igor Stravinsky.

O suave sincopado de Irving Berlin, Tin Pan Alley marcha "Alexander's Ragtime Band" foi um hit em 1911.
A música blues foi publicada e popularizada por W. C. Handy, no qual "Memphis Blues" de 1912 e "St. Louis Blues" de 1914, se tornaram jazz standards.




Fontes:
A História do Jazz - Blues - Documentário

http://www.youtube.com/watch?v=Pw9jtqV4fAY&feature=youtu.be
https://www.facebook.com/photo.phpfbid=524704794279508&set=a.390322004384455.92782.389509127799076&type=1

Os 10 maiores mitos sobre a África

Nem tudo o que as pessoas pensam sobre a África é verdade. E uma jornalista da Namíbia, Christine Vrey, decidiu provar que nem tudo o que parece é a realidade no continente. Revoltada com a ignorância das pessoas com quem já conversou a respeito de seu continente natal, Cristine elaborou uma lista com os 10 maiores mito sobre a África.
Segundo ela, o mundo ocidental sabe muito menos do que deveria sobre o continente africano, pecando por ignorância e preconceitos. Confira a lista:
1 – A ÁFRICA É UM PAÍS: Pode parecer inacreditável, mas muitas pessoas, segundo ela, ainda pensam que a África inteira é um país só. Na verdade, o continente africano tem 61 países ou territórios dependentes, e população superior a um bilhão de habitantes (o que faz deles o segundo continente mais populoso, atrás apenas da Ásia).

2 – TODA A ÁFRICA É UM DESERTO - Dependendo das referências (alguns filmes, por exemplo), um leigo pode imaginar que a África inteira seja um deserto escassamente povoado por beduínos e camelos. Mas apenas as porções norte e sudoeste do continente (desertos do Saara e da Namíbia, respectivamente) são assim; a África apresenta um rico ecossistema com florestas, savanas e até montanhas onde há neve no cume.

3 – TODOS OS AFRICANOS VIVEM EM CABANAS - A fama de continente atrasado permite, segundo Vrey, que muitas pessoas achem que a população inteira habite cabanas com paredes de terra e teto de palha. A África, no entanto, tem moderníssimos centros urbanos nos quais vive, na realidade, a maior parte da população. As pessoas que habitam tais cabanas geralmente vêm de grupos tribais que conservam suas vilas no mesmo estado há muitas décadas.

4 – AFRICANOS SE ALIMENTAM COM COMIDAS ESTRANHAS E SELVAGENS - Uma cidade africana, de acordo com a jornalista, se assemelha a qualquer outra localidade ocidental no quesito alimentação: pode-se encontrar qualquer lanchonete de fast food, por exemplo. Christine explica que os hábitos alimentares dos africanos não diferem muito do nosso, exceto pelo que se come em algumas refeições, como o “braai” (o equivalente ao nosso churrasco).

5 – HÁ ANIMAIS SELVAGENS POR TODA PARTE - Em uma cidade africana, você verá o mesmo número de leões ou zebras que encontraria nas ruas de qualquer metrópole mundial: zero. Não há absolutamente nenhuma condição favorável para eles nos centros urbanos, é óbvio que vivem apenas em seus habitat naturais. Se você quiser ir à África com o intuito de observar animais selvagens, terá que fazer uma viagem específica para esse fim.

6 – A ÁFRICA É EXCLUÍDA DIGITALMENTE - A jornalista Christine conta que ainda conversa com pessoas, pela internet, que ficam surpresas pelo simples fato de que ela, uma africana, tem acesso a computadores e internet! Um dos interlocutores da jornalista chegou a perguntar se ela usava um computador movido a vapor. Ela explica que a tecnologia não perde muito tempo em fazer seus produtos mais modernos chegarem até a África, e que eles estão cada vez menos atrasados em relação ao resto do mundo.

7 – EXISTE UM IDIOMA ÚNICO “AFRICANO” - Da mesma forma que ainda há gente que considera a África um único país, também existem pessoas que imaginam todos os habitantes do continente falando a mesma língua. Christine explica que apenas na Namíbia, de onde ela veio, há mais de 20 idiomas usuais, incluindo mais de um “importado” e alguns nativos. Nenhum país do continente tem menos de cinco dialetos correntes.


8 – A ÁFRICA TEM POUCOS HOTÉIS - Não é uma missão impossível encontrar hospedaria em uma visita ao continente africano. As maiores cidades do continente dispõem de dezenas de hotéis disponíveis para turistas. Só nas oito maiores cidades da África do Sul, segundo Vrey, existem 372 hoteis.

9 – AFRICANOS NÃO CONHECEM BANHEIROS - Há quem pense, de acordo com a jornalista, que todos os africanos sejam obrigados a fazer suas necessidades atrás do arbusto ou em latrinas a céu aberto. Isso vale, segundo ela, apenas para as áreas desérticas e vilarejos afastados. No geral, uma casa na África dispõe de um vaso sanitário muito semelhante ao seu.

10 – TODOS OS AFRICANOS SÃO NEGROS – Da mesma forma que houve miscigenação de raças na América, devido às intensas migrações de europeus, a África também recebeu essas misturas. Na Namíbia, por exemplo, há famílias africanas brancas descendentes de franceses, holandeses e portugueses. Mas não há apenas isso: o continente também abriga grandes comunidades de indianos, chineses e malaios, de modo que não se pode falar em “raça africana”.
Christine Vrey também explica que não existe uma “raça negra”. Muitas pessoas, de acordo com a jornalista, acham que todos os negros são da mesma raça ou grupo étnico. Ela conta que já ouviu pessoas descreverem a própria descendência como sendo, por exemplo, ¼ britânicos, ¼ hispânicos, ¼ russos e ¼ “negros”.
Isso é um engano: há várias características físicas dissonantes entre os povos de pele escura. As diferenças começam pela própria tonalidade: alguns povos têm a pele mais “avermelhada” ou mais marrom do que outros, e alguns são menos escuros, sem levar em conta a miscigenação. Não é possível falar, portanto, em “negros” simplesmente.


domingo, 29 de setembro de 2013

Quais são os cinco países mais desenvolvidos da África?

Seicheles

O maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África é de um arquipélago que fica no Oceano Índico, a nordeste de Madagascar: a República de Seicheles. O país está em 50o lugar no ranking da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2008, com um IDH de 0,843. O Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU traz indicadores para 175 países que fazem parte do organismo internacional, mais Palestina e Hong Kong. O Brasil é apenas o 70o, com um índice de 0,800. O primeiro lugar, Islândia, tem 0,968 e o último, o país africano de Serra Leoa, apenas 0,336.
O arquipélago de Seicheles já foi disputado por Inglaterra e França e tornou-se colônia britânica em 1814. A independência aconteceu em 1976. A língua oficial continua sendo o inglês, apesar de a maior parte da população falar o creole. Um fator que explica o desenvolvimento do país é seu tamanho reduzido - segundo dados do relatório The World Factbook, produzido pela agência americana CIA, a população estimada em 2009 é de apenas 87 mil pessoas. A expectativa de vida ao nascer é de 73,02 anos (no Brasil, ela é 72 anos), e 91,8% dos maiores de 15 anos sabem ler e escrever (contra 88,6 no nosso país). Seicheles tem desenvolvimento considerado elevado segundo a classificação da ONU. O PIB é pequeno, 1,473 bilhões de dólares em 2008, mas o PIB per capita é de 17 mil dólares, o 71o melhor do mundo. Como comparação, a nação brasileira tem um PIB de 1.99 trilhões de dólares, mas o PIB per capita é de 10.000 dólares. A maior parte dos ganhos do país vêm do setor de turismo, que emprega 30% da força de trabalho. A pesca de atum também é muito forte em Seicheles.

Maurícia
Também entre os países de desenvolvimento elevado está a República de Maurícia ou Ilhas Maurício, com IDH de 0,804 e 65o no ranking da ONU. O país foi explorado pelos portugueses no século 16 e depois passou pelo controle de holandeses, franceses e ingleses. O nome da ilha é uma homenagem ao príncipe holandês Maurício de Orange-Nassau. A independência aconteceu apenas em 1968 e hoje o inglês continua sendo a língua oficial, mas é falado por apenas 1% da população. O idioma corrente é o creole. Segundo dados da CIA, a população de Maurícia é de 1,2 milhões de pessoas, com expectativa de vida ao nascer de 74 anos. Entre os maiores de 15 anos, 88,4% sabem ler e escrever. A base da economia são a indústria têxtil e a da cana de açúcar. Em 2008, o PIB foi de 15,36 bilhões de dólares, 12.100 dólares per capita.

Tunísia 
No 91o lugar do ranking da ONU está a República da Tunísia, com um IDH de 0,766. Até 1956, o país era um protetorado francês. Desde então, está na mão de ditadores - o primeiro presidente, Habib Bourguiba, ficou no poder por 31 anos e foi deposto em um golpe militar por Zine el Abidine Ben Ali, que controla o país até hoje. Segundo dados da CIA, a população atual da Tunísia está em cerca de 10 milhões de pessoas, que usam o árabe como idioma oficial. A expectativa de vida ao nasceré de 75,78 anos e 74,3% da população maior de 15 anos é letrada. A economia da Tunísia é bem diversificada, com destaque para o setor agrícola, de mineração, turismo e indústria. Em 2008, o PIB da Tunísia foi de 81 bilhões de dólares, o 73o maior do mundo, mas o PIB per capita ficou em 7.900 dólares. Pela classificação da ONU, está entre os países de desenvolvimento médio.

Cabo Verde
A ex-colônia portuguesa é o quarto país africano com o maior IDH no continente, 0,736, no 102o lugar na comparação mundial, dentro da categoria de desenvolvimento médio. A República de Cabo Verde só se tornou independente em 1975 e, segundo a CIA, até hoje é um dos governos mais democráticos da África. Porém, as sucessivas crises econômicas e as altas taxas de desemprego na segunda metade do século 20 fizeram com que grande parte da população emigrasse para a Europa, os Estados Unidos e outros países da África. Segundo dados oficiais do governo de Cabo Verde, hoje a população de cabo-verdianos de 1ª geração residentes fora do país é de cerca de 500 mil pessoas, maior do que a população nacional, que é de 430 mil. No país, fala-se português e crioulo (uma língua que mistura português e dialetos africanos) e, pelos dados da CIA, 76,6% da população maior de 15 anos é alfabetizada. A expectativa de vida ao nascer é de 71,61 anos. O PIB do país em 2008 foi de 1,635 bilhões de dólares e o PIB per capita ficou em 3.800 dólares. Cerca de 75% do PIB vem do setor de serviços, incluindo comércio, transportes, turismo e serviços públicos.

Argélia 
No ranking da ONU, a República da Argélia é o país com o 104o maior IDH do mundo: 0,733. Apesar de ser a quinta nação com o melhor índice no continente africano, ela tem uma história conturbada. Em 1962, o país se tornou independente da França depois de uma década de luta. Desde então, o partido Frente de Libertação Nacional (FLN) domina a política do país. Porém, a oposição do partido extremista Frente Islâmica de Salvação (FIS) causou conflitos intensos entre 1992 e 1998, e, como conseqüência, houve mais de 100 mil mortes. Apesar do FIS ter sido dissolvido, até hoje grupos islâmicos continuam provocando ataques, sequestros e até explosões de bomba. Atualmente, a economia do país é baseada em petróleo e a Argélia tem um PIB de 235 bilhões de dólares, o 49o maior do mundo. Só que o PIB per capita é de 7 mil dólares. A população é de 34 milhões de pessoas, com expectativa de vida ao nascer de 74,02 anos. 

A África já existia antes dos europeus

Conheça os reinos que formavam a África antes da chegada dos europeus

O professor do Ensino Médio Jorge Euzébio Assumpção, do Colégio Estadual Presidente Arthur da Costa e Silva, em Porto Alegre, faz questão de mostrar como o continente africano era dividido em reinos antes da chegada dos europeus.

Livros, internet e textos produzidos pelo professor são fonte para os estudantes perceberem a estrutura social e política dos diversos povos. O reino do Congo, por exemplo, era dividido em aldeias familiares, distritos e províncias e todos os governadores eram conselheiros do rei. No império de Gana, os monarcas se reuniam todos os dias com os súditos para papear, ouvir reclamações e tomar decisões.

Essas informações são comparadas com o modo de vida do negro no nosso país, na época da escravidão, nos quilombos e nos dias de hoje.

"A tradição oral é forte nas culturas africanas, mas os povos também sabiam ler, escrever e viviam em cidades desenvolvidas", destaca Assumpção. Baseados em relatos, os alunos construíram a maquete da cidade universitária de Tumbuctu, que começou a se desenvolver a partir do ano 12.

Clique e veja o  infográfico.

Fonte: Revista Nova Escola

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Religiões Tradicionais Africanas

Resumo interessante sobre a religiosidade dos povos africanos

As religiões tradicionais africanas não possuem textos escritos ou livros sagrados, mas se baseiam na tradição, ou narração passada de geração para geração, sobre os conteúdos e a maneira de viver sua religiosidade. Isso se dá em forma de histórias, ritos, provérbios, danças, músicas, festas.
Um erro comum é supor que todos os povos africanos são da mesma raça e que tiveram a mesma origem, o que leva a supor que tenham também os mesmos costumes e a mesma religião. Para melhor se compreender sobre qual região da África ou qual religião será abordada divide-se assim:
1) África do norte: desde o Atlântico e Mediterrâneo até o Saara, incluindo o Egito e a Etiópia. Esta região é dominada pelo Islamismo e pelo Cristianismo.
2) África centro-sul: desde a Rep. Dos Camarões, Quênia..., até o extremo sul. Esta parte da África, povoada principalmente por tribos aborígenes, é dominada pelas religiões tradicionais, exceto uma relevante percentagem que praticam o cristianismo, o islamismo e até o hinduísmo.
ESPIRITUAL E MATERIAL
A religião tradicional africana distingue dois aspectos da realidade: aquilo que é visível, físico, material..., e aquilo que é invisível e espiritual. Estes dois aspectos fundem-se entre si: nenhuma coisa do mundo físico é tão material que não contenha em si elementos do mundo espiritual. Isto conduziu à crença de que há espíritos nas pedras, nas montanhas, nos rios, nas árvores, nos trovões, no Sol e na Lua... Daí a religião tradicional africana ser muitas vezes chamada também de religião animista.
Seus praticantes vivem em profunda harmonia com todo o universo e esforçam-se para comportar-se de maneira adequada, conforme as leis morais. Isso não significa que não existem momentos religiosos mais destacados de outros, considerados profanos, mas toda a vida é sustentada pelo elemento religioso que une os seres, o cosmo, o mundo invisível e o Ser Superior. Todo o universo tem uma alma.
OS RITOS
Ritos, cerimônias e preces são algumas das modalidades através das quais o ser humano procura se expressar e alcançar sua própria harmonia com o todo. Mas o que importa é a atitude interior que caracteriza a vida dos povos tradicionais, uma atitude profundamente religiosa. Cada fato cotidiano, banal ou importante, é colocado num contexto que supera a dimensão material.
O ritual sacraliza os momentos importantes da vida: nascimento, adolescência, matrimônio e morte. Existe, além disso, uma grande variedade de ritos: de iniciação, purificação, propiciação, comemoração, ação de graças etc.
Os ritos de iniciação garantem a boa integração na comunidade dos vivos, e os ritos fúnebres garantem a benevolência dos antepassados: por isso, devem ser bem feitos. Frequentemente, a iniciação é também o ingresso em uma “sociedade secreta”, onde se aprendem ritos secretos, mitos secretos e mesmo uma linguagem secreta...
Os africanos possuem lugares de culto, embora muito modestos: pequenas cabanas, altares junto aos caminhos, cumes de montanhas... As oferendas são feitas para pedir saúde, vida, sucesso...
A oração comunitária é a preferida e exprime-se com danças e cantos. O mesmo acontece com os ritos: impera a criatividade, o movimento, o dinamismo.
ELEMENTOS
As religiões tradicionais africanas, diferentes em muitas manifestações, de acordo com os respectivos povos, possuem vários pontos comuns essenciais, mas tendo como objeto central a vida.
Potências espirituais: Abaixo do Ser Supremo existem inúmeras potências mais ou menos espirituais, que se ocupam das coisas mundanas, em lugar do Ser Supremo, e que, por isso, são muito invocadas (como os orixás do ioruba).
Demiurgo: A criação foi feita mediante um demiurgo (artífice), que é um antepassado mítico, às vezes identificado com o fundador do povo, ao qual se devem tanto a geração do ser humano como a introdução dos costumes, ofícios e ritos.
Ritos de iniciação: Como todos os povos primitivos, os africanos dão importância aos ritos de iniciação que, não raro, exigem provas duríssimas, até sangrentas (mutilações).
Danças: Na falta de livros, os ritos desempenham papel importante na manutenção viva e atuante das tradições religiosas e sociais. Neste sentido, as danças são de fundamental importância, pois, no seu ritmo e dinamismo, dão a máxima expressão a todas as atividades do grupo.
Curandeiros: Com artes próprias, como incisões e aplicações de ervas, e mesmo com o recurso da sugestão, atendem às necessidades do povo.
Culto: Em geral, os africanos não possuem estátuas, nem templos e sacerdotes. Os sacrifícios de animais (porcos, cães, cabritos, aves...) não são oferecidos a Deus como adoração, mas aos orixás (espíritos intermediários), como veículo de comunicação com os vivos, já que o sangue é tido como portador de vida.
Moral: Para o africano, moral e religião são praticamente a mesma coisa. As ações que prejudicam a convivência humana ou o equilíbrio das forças naturais são punidas pela autoridade tribal ou reparadas por ritos religiosos, pois irritam igualmente os espíritos, provocando calamidades públicas, como secas, enchentes, enfermidades, mortes... Desta forma, o africano se vê obrigado a respeitar os bens, a vida e a pessoa do próximo, ainda que não conheça preceitos morais impostos por Deus. O adultério é também severamente condenado, embora a vida sexual seja encarada com muita tolerância, pois se trata do exercício de uma função vital.

Vodu Haitiano
A maioria dos africanos que foram trazidos como escravos para o Haiti eram da Costa da Guiné da África ocidental, e seus descendentes são os primeiros praticantes de Vodu. Uma das maiores diferenças, entre o Vodu africano e o Haitiano é que os africanos transplantados do Haiti foram obrigados a disfarçar o seu lwa (espíritos) como santos católicos romanos, um processo chamado sincretismo.
A maioria dos peritos especula que isto foi feito numa tentativa de esconder a sua "religião pagã" de seus senhores, que os tinham proibido de praticar. Dizer que o Vodu haitiano é simplesmente uma mistura das religiões africanas ocidentais com um verniz de Catolicismo romano não estaria inteiramente correto.
Isto estaria ignorando numerosas influências indígenas Taíno, assim como o processo evolutivo a que Vodu se submeteu ao longo da história do Haiti. Também estaria ignorando a grande influência do paganismo europeu no Catolicismo romano e o panteão dos seus próprios santos.
A cerimônia mais importante historicamente do Vodu na história do Haiti era a cerimônia Bwa Kayiman ou Bois Caïman de agosto 1791, que começou a Revolução Haitiana, em que o espírito de Ezili Dantor possuía um clérigo e recebia um porco preto como oferenda, e todos as pessoas presentes comprometeram-se com a luta pela liberdade. Esta cerimônia resultou finalmente na libertação dos povos do Haiti da dominação colonial francesa em 1804, e o estabelecimento da primeira república de povos negros na história do mundo.
Este Vodu Haitiano cresceu nos Estados Unidos de forma significativa a partir do final dos anos 1960 e começo dos anos 1970 com as levas de imigrantes haitianos fugindo do regime opressivo de Duvalier, estabelecendo-se em MiamiNova IorqueChicago, e outras cidades.

Desconhecimento
No vodu se venera um deus principal, o Bon Dieux e aos antepassados. Como esta crença é pouco conhecida, seu nome costuma invocar ritos tribais nos quais um feiticeiro crava agulhas em um boneco para fazer com que alguma vítima, talvez a muitos quilômetros de distância, sofra dores horríveis, ataques cardíacos ou doenças incuráveis. A palavra vodu vem do vocábulo africano "Dahomey vodun" ou Vodun da África Ocidental, que significa espírito ancestral.

Crenças
No vodu haitiano acredita-se, de acordo com tradição africana difundida, que há um Deus que é o criador de tudo, chamado de "Bondje" (“bom deus”).
 O voduísta adora o deus, e serve aos espíritos, que são tratados com honra e respeito como se fossem membros mais velhos de uma casa. Diz-se que são vinte e uma nações ou "nanchons" dos espíritos, também chamadas às vezes "lwa-yo". Algumas das nações mais importantes do lwa são o Rada, o Nago, e o Kongo. Os espíritos vêm também nas "famílias" que compartilham de um sobrenome, como Ogou, ou Ezili, ou Azaka ou Ghede. Por exemplo, "Ezili" é uma família, Ezili Dantor e Ezili Freda são dois espíritos individuais nessa família. A família de Ogou é de soldados, o Ezili governa as esferas femininas da vida, o Azaka governa a agricultura, o Ghede governa a esfera da morte e da fertilidade. Há literalmente centenas de lwas. Os lwas mais conhecidos são Danbala Wedo, Papa Legba Atibon, e Agwe Tawoyo.
No Vodu haitiano os espíritos são divididos de acordo com sua natureza em basicamente duas categorias, se são quentes ou frios. Os espíritos frios entram sob a categoria Rada, e os espíritos quentes entram sob a categoria Petro. Os espíritos de Rada são familiares e vêm na maior parte da África, e os espíritos de Petro são na maior parte nativos do Haiti e requerem mais atenção ao detalhe do que o Rada, mas ambos podem ser perigosos se irritados ou contrariados. Nenhum é "bom" ou "mau" com relação ao outro.
Ao servir os espíritos, o voduísta busca conseguir a harmonia com sua própria natureza individual e o mundo em torno dele, manifestado como fonte de poder pessoal relacionado à vida. Parte desta harmonia é preservar o relacionamento social dentro do contexto da família e da comunidade. Uma casa ou uma sociedade de Vodu é organizada pela metáfora de uma família extensa, e os noviços são os "filhos" de seus iniciadores, com o sentido da hierarquia e da obrigação mútua que implica.
Liturgia e prática
Após um dia ou dois de preparação de altares, preparando ritualmente e cozinhando galinha e os outros alimentos, etc., um ritual de Vodu haitiano começa com uma série de preces e de cantigas católicas em francês, e então uma litania em Kreyol e no "langaj africano" que abrange todos os santos e lwas europeus e africanos honrados pela casa, e depois em uma série das invocações para todos os espíritos principais da casa. Isto é chamado o "Priyè Gine" ou a prece africana. Após mais canções introdutórias, começando com saudar o espírito dos tambores nomeado Hounto, as cantigas para todos os espíritos individuais são entoadas, começando com a família de Legba com todos os espíritos de Rada, a seguir há uma ruptura e a parte Petro do ritual começa, terminando com as cantigas para a família de Ghede. Ao serem entoadas as cantigas os espíritos virão visitar os presentes através da possessão dos indivíduos, falando e agindo com eles. Cada espírito é saudado e cumprimentado pelos noviços presentes e dará consultas, conselhos e curas àqueles que solicitarem por sua ajuda. Muitas horas mais tarde nas primeiras horas da manhã, a última canção é entoada, despede-se os convidados, e todos os hounsis, houngans e manbos esgotados podem ir dormir.
Individualmente, um voduista pode ter um ou mais altares preparados para seus antepassados e o espírito, ou os espíritos, a que serve com retratos ou estátuas dos espíritos, de perfumes, de alimentos, e de outras coisas preferidas por seus espíritos. O altar mais básico é apenas uma vela branca e um copo de água e talvez flor. No dia de um espírito particular, acende-se uma vela e então sauda-se e fala ao espírito particular como um membro mais velho da família. Os antepassados são chamados diretamente, sem mediação de Papa Legba, já que são "do sangue".
Valores e ética
Os valores culturais que Vodu engloba centram em torno das ideias da honra e do respeito - ao deus, aos espíritos, à família e à sociedade, e a si mesmo. O amor e a sustentação dentro da família da sociedade de Vodu parecem ser a consideração mais importante. A generosidade em dar à comunidade e aos pobres é também um valor importante. As dádivas vêm através da comunidade e há a ideia que se deve ser disposto a retribuir por sua vez. Desde que Vodu tem tal orientação da comunidade, não há "solitários" em Vodu, somente as pessoas separadas geograficamente de seus antepassados e casa. Uma pessoa sem um relacionamento de algum tipo com pessoas idosas não estará praticando Vodu como se compreende no Haiti e entre Haitianos.
No Vodu Haitiano a orientação sexual ou identidade de gênero e da expressão de um praticante não é de nenhum interesse em um ambiente ritual. Vê-se apenas como uma maneira em que o deus fez uma pessoa. Os espíritos ajudam a cada pessoa simplesmente ser a pessoa que são.