quarta-feira, 26 de junho de 2013

A Redenção de Cam


A Redenção de Cam é uma pintura a óleo sobre tela realizada
pelo pintor espanhol Modesto Brocos em 1895. A obra aborda
as teorias raciais do fim do século XIX e o fenômeno da busca
do "embranquecimento" gradual das gerações de uma mesma
família por meio da miscigenação.

O título é uma referência ao episódio bíblico da maldição
lançada por Noé sobre seu filho, Cam, e todos os seus
descendentes, conforme relatado no livro do Gênesis. Punindo
Cam por zombar de sua nudez e embriaguez, Noé profetizou que
o mesmo seria "o último dos escravos de seus irmãos".

Conforme relatado por Alfredo Bosi, a crença popular de que os
descendentes de Cam seriam os povos de pele escura de
algumas regiões da África, além das tribos que habitavam a
Palestina antes dos hebreus, serviu por muito como argumento
de ideólogos e mercadores para validar, durante o período
colonial e ao longo do império, o tráfico de escravos africanos
para o Brasil. O pecado de Cam seria, assim, o evento fundador
de uma situação imutável e a justa punição divina de todo um
povo.

Na obra de Modesto Brocos, em frente a uma pobre habitação,
três gerações de uma mesma família são retratadas. A avó,
negra, a mãe, mulata, e a criança, fenotipicamente branca. A
matriarca, com semblante emocionado, ergue as mãos aos céus,
em gesto de agradecimento pela "redenção": o nascimento do
neto branco, que será poupado das agruras e das memórias do
passado escravocrata.

Publicado por Maurício Gedoz


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sábado, 22 de junho de 2013

Sobre a manifestação de 21 de junho de 2013 em Ribeirão das Neves


SOBRE AS MANIFESTAÇÕES EM RIBEIRÃO DAS NEVES

Ontem tivemos em nossa cidade uma grande mobilização da sociedade, como nunca houve. Inspirados nas manifestações nacionais e se organizando via redes sociais, uma grande multidão foi para as ruas manifestar sua indignação contra os rumos políticos e sociais tomados pela administração pública.

Na realidade, o movimento começou no início da semana quando os moradores do bairro Liberdade fecharam a BR 040 durante toda a manhã de segunda-feira protestando contra o péssimo serviço de transporte oferecido no município. Na última sexta-feira, a BR foi novamente palco de manifestações, tanto dos moradores do Liberdade, quanto dos bairros Veneza e Florença. Ficou fechada por 14 horas . Finalmente tivemos a manifestação "Vamos pra rua" à tarde, que bloqueou a rodovia que liga o centro de Neves a Justinopolis e durante a noite realizou passeata pelo centro da cidade e na garagem da Transimão. A passeata transcorreu de forma pacífica, com a participação de trabalhadores, estudantes, crianças, idosos etc, grande maioria carregando suas bandeiras de luta.

Apesar das críticas feitas ao movimento , devido à ação de um pequeno grupo e de um elemento criminoso que atirou na polícia, entendo que essa mobilização é extremamente importante para se repensar a organização política dos cidadãos nevenses. E a política da qual estou falando não é simplesmente a tradicional participação nas eleições através do voto, mas a política do dia a dia, da possibilidade de tomada de consciência de que podemos interferir nos rumos de nossa cidade, de forçar nossos representantes, dentro do sistema político atual, a de fato representaram os interesses públicos e não os do capital empresarial.

A senhora prefeita Daniela fez uma declaração à noite sobre a redução dos preços das passagens de ônibus intramunicipais(os verdinhos) em 25 centavos, e comemorou dizendo que foi a maior redução no estado de Minas. Acho que a leitura que podemos fazer disso é que as passagens do município estão entre as mais caras da região e o lucro da Transimao enorme, por isso essa possibilidade de redução, como resposta aos movimemtos sociais. Já passou da hora de revermos o monopólio dessa empresa no transporte público de Neves e a abertura de licitação como meio de se buscar melhorias na qualidade do transporte essencial para milhares de nevenses que trabalham fora da cidade.

Um detalhe importante é que essa mobilização tem um formato diferente, mas não é o nascimento dos movimentos sociais em Neves. Existem vários atuando em nossa cidade e nesse momento a unificação da luta é importante para a organização e o fortalecimento de uma agenda de reivindicações que atenda à maior parte de nossos cidadãos.

Finalmente, toda essa mobilização responde a uma visão conformista e determinista que reinava no imaginário social de que não é possível se fazer nada diante dos desmandos dos governantes. Vimos que é possível. Precisamos simplesmente de mobilização e organização para sermos ouvidos e, com persistência e luta seremos atendidos.