segunda-feira, 30 de novembro de 2020

A era do rádio: o rádio como instrumento de propaganda política


As primeiras décadas do século XX representam um momento de grandes mudanças na sociedade brasileira. É o momento onde o processo de urbanização e se acentua, transformando as principais cidades do país. 

Nos anos 20 e 30 do século passado o surgimento do rádio provocou profundas modificações na forma de vida dos brasileiros. Possuir um rádio permitia às pessoas estarem em contato com tudo que acontecia no mundo exterior, e ao mesmo tempo reformular seus costumes e hábitos. O rádio diminuía as distancia e encurtava o tempo. 

A primeira emissora de rádio surgiu no Rio de Janeiro em 1923. Era a Rádio Sociedade, fundada por Roquette Pinto. Logo após essa data surgiram diversas rádios pelo país afora, levando as cidades a se tornarem em uma verdadeira “floresta  de antenas”, conforme disse um personagem da época. 

No início da vida do rádio no Brasil os aparelhos receptores eram todos importados e, portanto, eram muito caros o que fazia com que voltasse a programação para as 

 

Réplica do rádio do inventor e cientista brasileiro, Padre Landell de Moura, construído no final do século XIX




 elites, ou seja, para quem pudesse pagar as contas do rádio no  final do mês. Isto divergia, portanto, do que seria o rádio no futuro: um meio de comunicação que iria levar informação e educação para o povo analfabeto. Isso só viria mais tarde, com o advento dos "reclames", ou seja, anúncios publicitários, já na década de 30.                

A programação das rádios era variada, mas desde o início havia uma idéia de que através dessa programação se podia “educar o povo”, tornando-o mais culto, mais “civilizado”. Vejamos a opinião de um ouvinte de rádio em 1936: 

O rádio é um ótimo professor(...) (Ele deveria apresentar aulas de português ), pois desse modo veríamos acabar em pouco tempo esse paradoxo: um povo que fala mal a sua própria língua.

 

A partir de 1930 o Brasil foi governado por Getúlio Vargas. Vargas utilizou o rádio como mecanismo de propaganda política. Seu governo esteve marcado pela repressão aos movimentos sociais e pelo paternalismo, o que o fazia ser visto pela sociedade como o Pai dos pobres. 

Seu governo manipulava as informações forçando os noticiários transmitirem mentiras para a sociedade, para tornar seu governo mais popular.  

Em 1934 foi criado o programa Hora do Brasil ( você conhece?), que ia ao ar durante a semana das 19 às 20 horas. Era um programa feito para se fazer propaganda do governo. A sociedade brasileira reagia a essa situação desligando o seu rádio nesse horário. O programa passou a ser chamado de “Hora da Desliga”. 

Em 1937 Vargas liderou um golpe de Estado, fechando o Congresso Nacional, suspendendo as eleições e proibindo a existência de partidos políticos. O rádio se tornou um veículo de propaganda política ainda mais importante. Em 1939, foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda(DIP), cujos funcionários eram responsáveis, entre outras coisas, pela censura aos jornais escritos e falados, pela publicação de livros que reverenciassem a figura do ditador e pela fiscalização da programação de rádio. O rádio passou a ser utilizado para a criação de uma opinião pública favorável ao ditador.


Fonte: ?


quinta-feira, 26 de março de 2020

O negro

Produto de um maquinário social e técnico indissociável do capitalismo, de sua emergência e globaliza
cão, esse termo foi inventado para significar exclusão, embrutecimento e degradação, ou seja, um limite sempre conjurado e abominado. Humilhado e profundamente desonrado, o negro é, na ordem da modernidade, o único de todos os humanos cuja carne foi transformada em coisa e o espírito em mercadoria a cripta viva do capital. Porém e esta
é sua patente dualidade numa reviravolta espetacular, tornou-se o símbolo de um desejo consciente de vida, força
pujante, flutuante e plástica, plenamente engajada no ato de criação e até mesmo no ato de viver em vários tempos e várias
histórias simultaneamente. Sua capacidade de fascinação, ou mesmo de alucinação, não fez senão se multiplicar. Alguns nem sequer hesitariam em reconhecer no negro o limo da terra, o veio da vida, por meio do qual o sonho de uma humanidade reconciliada com a natureza, com a plenitude da cria
ção, voltaria a ganhar cara, voz e movimento.
Crítica da razão negra. Achille Mbembe