quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A Guerra Fria


Iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial, a guerra fria acabou levando a uma extraordinária corrida armamentista. Como o poder militar e nuclear das duas grandes potências se equivalia, era mais conveniente que cada uma buscasse a destruição da outra por meios que não  levassem a uma guerra real. Afinal, um conflito nuclear poderia trazer a destruição de ambas e de todo o planeta.

A guerra fria assumia, então, formas dissimuladas, como a espionagem de segredos tecnológicos, industriais e militares, ou mesmo confrontos diplomáticos no âmbito da ONU. Isso, quando não tomava a forma dramática de conflitos militares localizados, como a guerra do Vietnã ou a i do Afeganistão.

Durante a guerra fria, toda a política externa dos Estados Unidos buscava provocar o isolamento da União Soviética e dos demais países que tentassem construir um  modelo de sociedade diferente do capitalismo.

No fim da Segunda Guerra Mundial, que não atingiu seu território continental, os Estados Unidos eram um país fortalecido econômica e militarmente. Depois de vencer o nazismo alemão e derrotar o imperialismo japonês, os  Estados Unidos passam a ter como objetivo deter e anular o comunismo soviético. Para o professor de ciência políti­ca Stephen Krasner, o regime comunista da União Sovié­tica não era visto apenas como um perigo para a segurança da Europa ocidental, mas também como uma ameaça às idéias e crenças norte-americanas baseadas na liberdade de comércio para as empresas capitalistas.

Para favorecer a atuação das empresas norte-americanas, os Estados Unidos investiram e apoiaram os investimentos dessas empresas na Europa ocidental e no Japão. A intenção do governo norte-americano era fortalecer es­ses países — principalmente a Alemanha e o Japão — para torná-los aliados de confiança. Assim, a expansão do so­cialismo seria contida não só militarmente, mas sobretudo  economicamente.

Nos primeiros anos do pós-guerra, os Estados Uni­dos enviaram à Europa ocidental uma grande quantidade de capitais, através do Plano Marshall. A ideia dos gover­nantes norte-americanos era estimular a reconstrução dos países destruídos pela guerra e, ao mesmo tempo, incenti­var a integração entre as empresas e os países europeus. Dessa forma, passaria a existir uma economia interna­cional mais aberta, o que facilitaria a atuação das empresas multinacionais e geraria estabilidade e crescimento econômico no Ocidente. Tudo isso serviria para enfrentar o bloco socialista, comandado pela União Soviética.

Para manter um forte aliado também na Ásia, os Es­tados Unidos procuraram fortalecer o Japão, com o envio maciço de investimentos e tecnologia. Além disso, abriram seu mercado consumidor aos produtos japoneses e permi­tiram que as indústrias japonesas fossem protegidas pelo governo nipônico, o que acabou por prejudicar até mesmo os interesses de empresas norte-americanas, como a IBM, por exemplo.

As medidas econômicas e políticas dos Estados Unidos para conter o avanço do comunismo levaram à inte­gração econômica da Europa ocidental e ao fortalecimento do Japão, cujas empresas passaram a travar uma verdadeira guerra comercial com empresas norte-americanas.

No contexto da guerra fria, os Estados Unidos adotaram a política de cercar o comunismo na Europa oriental e na Ásia. Mas também procuravam combater qualquer movimento político de tendência socialista em outras regiões, que pudesse ameaçar o domínio do sistema capita­lista. Na América Latina, por exemplo, apoiaram diversos golpes militares para afastar o "perigo comunista". A res­peito disso, afirma o professor Krasner:


Havia tropas estacionadas em caráter quase perma­nente na Europa ocidental, no Japão, na Coréia e em ou­tras bases militares no exterior; apesar de os acontecimen­tos nessas áreas jamais apresentarem ameaça alguma à integridade territorial americana. Os Estados Unidos travaram guerras importantes na Coréia e no Vietnã, mes­mo não tendo qualquer interesse econômico importante em nenhum desses países quando a guerra teve início. Enviaram tropas a outros países, entre os quais a Repú­blica Dominicana e Granada, quando pareceu estarem ameaçadas de tomada do poder pelos comunistas. Partici­param secretamente da derrubada de líderes esquerdistas no Chile, na Guatemala e no Ira. (Revista Política Externa, set. 1992, p. 64.) (Walter Praxedes t Nelson Piletti. Mercosul e sociedade global. São Paulo, Ática, p. 17-9.)

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