sábado, 27 de outubro de 2012

Unidos pelo tráfico

Entre os anos 1600 e 1800, mais de 3,1 milhões de pessoas, só da região Centro-Ocidental da
África, embarcaram rumo à escravidão nas Américas e em ilhas africanas como São Tomé. No
entanto, a escravidão na África é bem anterior à presença dos europeus no continente. O reino
do Congo, por exemplo, já usava mão de obra escrava para o serviço militar, administrativo e na
agricultura antes da chegada dos portugueses, no início do século XVI. A chegada dos lusitanos
modificou e intensificou a prática, uma vez que Congo e Angola eram pontos estratégicos na
transferência de escravos do interior para a costa. A aliança entre a nobreza congolesa e os
portugueses rendeu bons frutos: ambos aumentaram seus lucros com o tráfico e conseguiram
expulsar os “terríveis” Jagas ,que ocuparam a capital entre 1568 e 1572 . Além disso, a elite do
Congo podia investir em lavouras em São Tomé, administrada pelos portugueses. Lá, os ricos
congoleses casavam suas filhas com os portugueses residentes, fortalecendo ainda mais a
aliança.
Os acordos com os europeus eram importantes para os africanos num cenário em que estes
soberanos tinham dificuldade em consolidar seus domínios e manter centralizado seu território.
Os lusitanos não eram os únicos com interesses na região, muito menos os únicos a fazer
acordos. Os ingleses e holandeses também estavam por lá, e em 1640, com a ajuda da rainha
Nzinga, expulsaram os portugueses de Luanda. Só que por pouco tempo.

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