quinta-feira, 15 de agosto de 2013

História do Movimento Operário no Brasil


Em uma sociedade que acabara de sair da escravidão, a nascente classe operária enfrentava condições de trabalho adversas. Os salários eram muito baixos, não existia legislação trabalhista e os sindicatos recém-formados não eram reconhecidos. Os trabalhadores não contavam com aviso prévio em casos de demissão, não tinham direito a férias, a aposentadoria ou a qualquer tipo de seguro contra acidentes. A jornada de trabalho diária chegava a 15 horas. A greve era encarada como crime e caso de polícia.

Diante dessa realidade, os trabalhadores brasileiros tentaram se organizar para conquistar condições decentes e dignas de vida.

Sem mecanismos formais de participação política, a classe operária começou a se organizar para ampliar seus direitos trabalhistas. No final do século XIX surgiram as primeiras ligas operárias que, mais tarde, transformam-se em sindicatos.

O ano de 1917 foi marcado por uma série de pequenas greves que culminam com uma greve geral, realizada em São Paulo, entre os dias 12 e 15 de julho. Participaram 45 mil trabalhadores e foi a maior paralisação operária realizada no país até 1930. Exigiram um reajuste salarial de 20% e forçaram o governo paulista a atender a algumas de suas reivindicações: fiscalização dos preços no varejo, liberdade para os operários presos e não punição aos grevistas. O acordo foi feito por meio de um comitê de conciliação integrado por jornalistas da grande imprensa da época. Greves por melhores salários e garantias trabalhistas proliferam durante toda a década de 20.

Trabalhadores paralisados em SP - Wikimedia Commons


Em 1918 a Câmara dos Deputados criou a Comissão de Legislação Social com o objetivo de propor leis de proteção aos trabalhadores. Em 24 de dezembro de 1925 entrou em vigor a lei 4.982 que instituiu 15 dias de férias anuais para trabalhadores do comércio, da indústria e dos bancos.

Em 1930 Getúlio Vargas deu um golpe de Estado e se tornou presidente do Brasil(1930-1945). Seu governo foi marcado pelo controle dos movimentos sociais e de trabalhadores. Em 26 de novembro de 1930 foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.

O governo Vargas atendeu a várias reivindicações operárias. Em 1932 a jornada de trabalho passou a ser oficialmente de oito horas e o trabalho da mulher e do menor foi regulamentado. Foi estabelecido o princípio de salário igual para trabalho igual e as mulheres ganham o direito à licença-maternidade de dois meses. A lei de férias, criada em 1926, foi regulamentada em 1933, mas apenas algumas categorias de trabalhadores urbanos gozam de tal direito. Ainda em 1933, a previdência social começou a ser organizada sob o controle do Estado e são criados os institutos de aposentadorias e pensões (IAPs). Eles praticamente eliminam as antigas entidades assistenciais dos trabalhadores e colaboram para aumentar a força do Estado com os imensos recursos recolhidos dos assalariados e das empresas.

Em 1940 foi instituído o salário mínimo com o objetivo de reduzir a pauperização dos trabalhadores urbanos e ampliar o mercado para as indústrias de bens de consumo leve. Em 10 de novembro de 1943 entrou em vigor a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que reunia todas a legislação criada desde 1930 na área trabalhista, sempre apresentadas como uma "doação" do Estado e do próprio Getúlio. Vargas passou a ser visto como o “Pai dos pobres”, aquele que cuidava e atendia o desejo do povo. Na verdade, toda essa propaganda escondia a desigualdade social, a exploração da classe trabalhadora pela elite brasileira e o governo ditatorial de Vargas.

Retrato de Getúlio Vargas na comemoração do 1º de Maio de 1942, Estádio de São Januário, Rio de Janeiro.


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