domingo, 29 de maio de 2011

A questão das cotas

A política de Cotas e a inclusão social
A sociedade brasileira possui um histórico de discriminação e preconceito racial, situação esta que é o resultado de mais de 300 anos de exploração através da escravidão negra, experiência que marcou nossa identidade nacional e levou a convivência com a prática do racismo a ser vista como algo natural, havendo na mentalidade coletiva lugar para negros e lugar reservado para brancos. O lugar do negro quase sempre é apontado como o da força bruta, enquanto que os brancos o do trabalho intelectual. O resultado disso é apontado pelas pesquisas, que mostram sistematicamente como a população negra se encontra entre as mais pobres do país, ocupando os piores empregos e ganhando os piores salários, além de possuir uma possibilidade de mobilidade social inferior à média nacional.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é o acesso e a permanência junto ao sistema educacional brasileiro. Apesar das políticas de globalização de acesso à escola, o nível de escolaridade dos negros é inferior a media nacional, e isso não é um resultado da baixa capacidade intelectual dos negros como alguns sugerem. Desde cedo os negros são excluídos do processo educacional, através do racismo, da falta de boas condições de vida e de oportunidade, além de ter sua identidade negada, ou inferiorizada.
Daí a necessidade de políticas públicas que busquem diminuir essa desigualdade social, como o estabelecimento de cotas para o acesso a universidades e concursos públicos. Essas medidas devem ser vistas como algo provisório, que permita a esses estudantes de origem mais humilde consigam chegar ao ensino superior. Isso não pode ser visto como uma afirmação de inferioridade intelectual, mas simplesmente tratar de forma diferente o que a sociedade historicamente tratou diferente, ou seja, é como se em uma corrida, a parcela privilegiada da sociedade já tivesse partido na frente, pois tem acesso a melhores escolas e aos bens culturais cobrados pelas universidades, daí a necessidade de uma política de inclusão social.
Na realidade, as cotas devem ser vistas dentro de um contexto maior das ações afirmativas, que devem incluir o combate a toda  forma de preconceito e discriminação, sempre objetivando a implementação de uma sociedade de fato igualitária, efetivando um dos objetivos previstos em nossa Constituição em seu terceiro artigo:  Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária.
Veja uma boa discussão sobre o tema: http://www.revistaforum.com.br/noticias/2011/01/17/cotas_da_igualdade/

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